27.12.17

Resenha: Mulheres do poema, de Sandro Capestrani

Disse lá alguém que para um livro ser livro deve este parar em pé. Situação difícil nesses tempos de obras virtuais. Tema individual, triste. Somos tantos e próximos, mas distantes. A crescente e a perigosa medida virtual.

Samantha
(do filme Her)

Virtual medida de contato
Tão intenso que
quase nos materializamos
quase num quasar
casamos

Perto e longe, quantum
verbum
nihil aeternum est

Além do latim
fiquei eu
comigo mesmo

Há outras mulheres, de carne e osso, vidas de "nervos e sangue" que aconteceram de novo na pena do autor. São homenagens, reencontros, intimidades literárias.

"-Decifra-me ou te devoro!"

O amor devorado tem
a cada poro um perfume
que não se esquece

só os poemas de amor
terminam em palavras
feitas para terminar

E, vontade há de transcrever outros poemas por aqui, como o autor me permitiu, porém, ainda não dispenso o livro impresso, tampouco, o prestígio devido ao escritor que quer vender seu livro.
Comprem a obra. Essa resenha, peço perdão, não tem como ser muito imparcial. Adorei todo o trabalho. Espero que muitas mãos, reais, possam usufruir de todo esse amor pelas mulheres, principalmente, por uma das mais belas, a palavra.
Ainda, chamo a atenção para característica importante dos versos: são todos poços, ou melhor, "pensamentos-poços". Por quê? Pois, não acabam neles mesmos. Pedem você, leitor. Não há, então, superfície fácil. Boa sorte. Aproveite. Reflita. Pense. Descubra-se.
Parabéns, Sandro Capestrani. Espero escrever novas resenhas, de outros livros seus.

Link para comprar o livro: http://editorapatua.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=502


8.11.17

Meu melhor milagre. Leia e acredite.

Fazia tempo, mas anteontem tive novamente a mesma sensação de êxtase. Claro que a lua imensa entre nuvens e amarela e a Serra dos Cocais ajudaram. Por certo, o momento de cansaço, de ansiedade, de ânimo súbito - também. Mas, por quê, enfim? Veio, vim, estou - vivo. E, posso refletir momentaneamente sobre isso. O tempo que tenho para tanto é quase igual à duração dessa longa e breve palavra de momento com sufixo, porém, basta. Sinto esse, sim, milagre - a vida. Uma união ocasional de organismos microscópios de rara e difícil transação, no sentido negocial da palavra transar (não busque ela no Google sozinha). E boom. Seguidas e inúmeras explosões de sinapses até o perecimento da última célula. Até lá, milagre. A vida é um milagre. Somos, então, todos santos. Por mérito próprio, puramente existencial.
Esse é o meu milagre, o seu, o nosso. Agradeça todos os dias por estar vivo e permita-se o deslumbramento, mesmo que breve, desse estado. Reflita. Pense que está vivo - agora. E, sinta esse milagre, alegre-se, continue caminhando. Se continuamos vivos é porquê nossa existência ainda é necessária nesse mundão, com certeza. Quer descobrir para quê? Viva, descubra o próximo maravilhoso instante.




25.10.17

Por culpa do jazz

Qual é a sua história? Um país tem um passado. Isso é natural. Aprendemos na escola. Esse passado delimitou o hoje, não é?! Outras escolhas levariam à outra trajetória. Com você é igual. Seus ancestrais percorreram um longo caminho até seu nascimento. Guerras, crises econômicas, políticas, sociais, doenças, catástrofes naturais. E também muitas coisas boas. Romances, amigos, conquistas, bons trabalhos, arte, paz. Tudo o que sempre aconteceu e continua a acontecer na história da humanidade. E daí? Todo esse passado está de alguma forma em você. Não é por acaso alguma semelhança entre as gerações, seja de personalidade, de decisões e de acontecimentos. Para o bem e para o mal. Sua superação, sua crueldade, seus vícios, seu amor, sua inteligência. É claro que o ambiente importa e mais ainda se sua criação for distante de parentes, mas os tais genes ficam.
Enfim, a história de sua família conta. É bom conhecer. Orgulhe-se, ou não. E conheça os, em boa parte, "culpados" pela sua música atual.
Conhece jazz? Vale experimentar ouvir esse estilo meio livre, meio complexo de música. História mil.



24.10.17

O Poderoso Chefão

Clássico do cinema. Tem o livro também.
São ótimos. O filme tem três partes. Assistam as três. Leiam o livro.
Mas, preste atenção, não abuse. Leiam ou assistam a obra com moderação. Não fiquem "rebobinando" a fita (nossa, sou do final dessa época - "favor devolver as fitas rebobinando"). Isso porque, a película é baseada em fatos não reais, mas, porém, entretanto, todavia etc., a arte imita a vida. Entende? Quero dizer que talvez os personagens, suas falas, as situações do filme possam chocar um pouco e, vez ou outra, tudo isso pode reaparecer na mente, com toda a irrealidade real possível. Você não é o Poderoso Chefão, meu caro. Então, assista uma vez, duas (com uma folga de tempo - risos). E, pronto. Isso é para tudo da obra, para as supostas morais boas e as supostas ruins, com toda a sua relatividade.
Não entendeu nada? Bem, assista o filme umas dez vezes e entenderá (risos).
Obrigado, Mario Puzo. A literatura, a arte agradecem.


25.9.17

Reprogramação da mente

Defendem certos estudos que nossa mente é programável. (Estou lendo um livro sobre isso e logo trarei sua resenha por aqui.) Isso significaria, que temos uma certa margem de decisão sobre o que iremos pensar. A tal história: pense positivo, não seja pessimista.
Ainda não terminei a obra, mas ela defende, por enquanto, que somos naturalmente pessimistas, como uma condição de sobrevivência. Lembramos os fatos ruins para nos protegermos de novas situações idênticas ou semelhantes. Faz todo sentido, claro. Aprendemos que fumar é nocivo à saúde, então não fumamos. Não. O livro dá outro exemplo, mais simples, como saber diferenciar um galho, de uma cobra em um determinado contexto ambiental. Com isso, o volume afirma que não damos a devida atenção às ocasiões positivas, simplesmente guardadas em um espaço diminuto da memória. E quando relembramos algo ruim, ficamos horas e horas acabados pela recordação negativa.
Bem, a proposta é a seguinte: prestigiar mais os acontecimentos bons e dar menos atenção ao ruins, logo os "atropelando" com boas lembranças ou novas maneiras de lidar com a adversidade, como o não enfrentamento imediato e oposto, mas sim a busca de uma solução pacífica. Relembrar boas vivências também seria uma boa prática para recondicionar o cérebro (o incentivando à novas sinapses e a uma longa vida). O estresse, a tristeza, a ansiedade excessiva destruiriam nossa massa cinzenta, encurtando nossa existência. Ou seja, a felicidade rejuvenesce, a dor envelhece.
Todo o sentido, de novo. Tentarei praticar. Em breve o nome do tomo e mais conteúdo.

12.9.17

FLIVI já dá saudades. E bons frutos.

A FLIVI acabou, mas seu legado continua. O concurso literário foi um sucesso. Os jovens escritores já tiveram seus textos publicados na página da AMLAC. Confiram: http://www.amlac.com.br/page9.aspx, acesso em 12.9.2017.
Fico muito feliz de ter participado do júri que selecionou os textos. Tivemos destaque no jornal local A Tribuna de Vinhedo. Confiram a matéria abaixo.
É isso. Escrever vale a pena. Sigo em frente.



9.9.17

A riqueza dos ditados populares - a sabedoria do povo - conhece algum outro?

São tantos. E, sim, traduzem bons pensamentos. Criatividade e concisão de crenças do cotidiano. Alguns ditados populares são muito interessantes e nos fazem pensar bastante. Confira diversos deles e deixe o seu para aumentarmos essa lista, acredito, quase infinita.

Deus ajuda quem cedo madruga.

Passarinho que come pedra sabe o cú que tem.

Quem não tem colírio usa óculos escuros. Quem não tem visão bate a cara contra o muro. Quem não tem filé como pão e osso duro.

O caminho do risco é o sucesso.

Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

Mais vale um na mão do que dois voando.

De grão em grão a galinha enche o papo.

Quem tem boca vai a Roma. Quem tem boca vaia Roma.

Antes tarde do que nunca.

Sempre tem a primeira vez.

Casa de ferreiro espeto de pau. Santo de casa não faz milagre.

É de pequeno que se torce o pepino.

Cor de burro quando foge. Corro de burro quando foge.

Vô nobre, pai rico, filho pobre.

Quem guarda tem.

Filho de peixe peixinho é.

Cão que ladra não morde.

Ladrão que rouba ladrão sete anos de perdão.

Pau que nasce torto mija fora da bacia. Pau que nasce torto morre torto.

Quem pode pode, quem não pode se sacode.

Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Não adianta chorar o leite derramado.

Águas passadas não movem moinhos.

Quem não tem teto de vidro, que atire a primeira pedra.

Quem brinca com fogo faz xixi na cama.

Quem com ferro fere, com ferro será ferido.

Uma andorinha só não faz verão.

Nem só de pão vive o homem.

Quem tem um olho, em terra de cego é rei.

Quando a esmola é demais o santo desconfia.

Por fora bela viola, por dentro pão bolorento.

Rio que tem piranha, jacaré nada de costas.




5.9.17

Olho maior que a barriga

É clássico. As tarefas vespertinas são atravancadas, o dia finda rapidamente. A refeição média é tentadora, mas a moderação inclusive dos ricos minutos deve ser respeitada. Pena (ou não) ser a regra puta dos desejos.
Os óculos ajudam nessa hora.

3.9.17

ESCRITA MCP n. 491

Tema da fotografia escrita da semana: óculos.
Cara, nem sempre esses nossos amigos existiram. Como o povo se virava? Via mais ou menos. E também na visão simples cada um tinha sua opinião sobre as coisas. Mole não.
Imagine o padrão de beleza de uma pessoa que mal enxergava? Tudo era meio igual, sem os detalhes que tanto prestigiamos. Narizinho certinho, cabelo "bem cuidado", enfim, tudo em cima. O que isso importava para o colega sem óculos, no mundo das coisas embaçadas?! Não muito, não. Ele via outras coisas, como a presença da pessoa, o tato, a voz, a firmeza no trato. As coisas que realmente importam.
Enxergar bem tem seu preço.


2.9.17

Crer

Óculos da alma. O que é isso? Talvez, o privilégio de acreditar sem ver. Usamos a razão? Ou outra coisa meio que não se sabe bem o que é?! Fé?
Joelhos no chão, imobilidade, mente ativa, palavras, muitas palavras. Ou ouvidos atentos. Rezar. Meditar. Vale a pena. Óculos da alma.

1.9.17

Óculos de sol

Há dois sóis na Terra. Um com e o outro sem os solares nos olhos. Já lá estou acostumado, mas ainda lembro das primeiras sensações com os óculos de sol (risos). É um barato, como se estivéssemos em outra dimensão, não é?! Vejo meu filho de apenas dois anos usando e se divertindo. Fica todo feliz. Tudo que nos tira do habitual (quer coisa mais comum do que enxergar?!) é perceptível, justamente pelo hábito quebrado. E, geralmente, faz bem. O cotidiano envelhece.
Ponha seus óculos escuros hoje.


Há prazer em sofrer? E no sofrimento do outro? Sobre o sadismo, inclusive a si próprio.

O rapaz chora. Vem aquele arrepio profundo, vivo. Espécie de calafrio, medo. Uma sensação de todo ruim, dizem. Será?
Tema difícil. Proibido. Como aceitar qualquer movimento para a auto-destruição ou para fazer mal ao seu semelhante, só para sentir prazer?! Isso existe. Se chama sadismo, e pode ser praticado contra si mesmo. Pior: é mais comum que se imagina. Todos têm e, se não ficarmos atentos, praticamos sem sequer percebermos.
Não estou falando de se jogar contra a parede ou torturar alguém, embora esses casos extremos, sabemos, também existam, infelizmente. Penso nas pequenas ações, como dizer aquela palavra a mais para a pessoa ou buscar situações limítrofes que certamente trarão sofrimento a nós mesmos. Não o físico. Esse é mole. O corpo se apaga sozinho no ponto insuportável. Mas, a dor espiritual. Os sentimentos.
Exagerei? Já ouviu falar de Blues, claro. Esse estilo musical é famoso por suas notas profundas, arrastadas, sim, tristes. O bluesman é o cara que se deu mal na vida, não vê perspectivas para o futuro. E toca sua guitarra com muito prazer, nesse clima deprê.
Os jornais. Esses você deve conhecer melhor. Esprema eles um pouco. Já tentou? Saiu sangue? Então, não devia ser muito popular, vendável. Notícia boa, com conteúdo, não vende. Não estampa a primeira capa, não tem destaque. Já a manchete de desgraça, de crise econômica, de desastre. Essa vende como água. Confira sobre a vida das vítimas do acidente aéreo. Vixe. Fila na banca de jornal.
É assim, meu caro. Vergonhoso? Você quem sabe. Cada um com seu jeito de sofrer e sentir prazer. Será? Ou todos somos meio parecidíssimos?! Hahahaha.




31.8.17

FLIVI continua até domingo, 3.9.2017. Está um sucesso. Venham.

Nossa festa literária está ótima. A peça de teatro está linda, as palestras de muita qualidade, a estrutura toda feita com muito carinho. Também tem circuito Monteiro Lobato monitorado, feira de livros e comidinhas. Você não pode perder. Das 9h às 21h. Até esse domingo, 3.9.2017. Venha. Confira a programação abaixo.


Novo apoio em destaque: Renata Guastelli Paisagismo

Com muita alegria anuncio nossa mais nova apoiadora em destaque, Renata Guastelli Paisagismo. Seu logo agora consta na barra lateral direita do blog, com outros empreendedores parceiros de sucesso.
Empresa já consolidada em Vinhedo e região. Presta serviços de projeto e execução de paisagismo para residências e imóveis comerciais.
Paisagismo é uma arte, como a escrita. A harmonia com a natureza e sua apresentação ao cliente são trabalhos de muito valor. Muito orgulho de tê-la aqui, Renata.
Recomendo. Profissional de muito bom gosto e com equipe de primeira.

Contatos:

http://www.renataguastelli.com.br/
(19) 4119-2335  |  9 9889-2925
renata@renataguastelli.com.br

Avenida Brasil, 741  | Sala 03
Jardim Brasil  |  Vinhedo/SP


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Tema da fotografia escrita da semana: óculos

Uso. Há 15 anos, já. No começo, só para dirigir, assistir aulas. Depois também para ver tv, andar na rua, ficar em casa. Precisaria para jogar basquete, mas me viro sem. Ainda não achei óculos esportivos que não embacem. Já tentei lentes de contato e pensei em cirurgia, mas não passei da porta do consultório. As ideias estão lá dentro ainda.
Não me incomodo em usar, pelo contrário. Os óculos são parte de mim. Uma identidade. Acostuma-se muito rápido e a briga interna para abandoná-los passa. Lá pela juventude, quando você imagina-se insuficiente para os outros, há um certo desgosto das lupas, mas depois, quando percebe-se que os outros pensam diferente mesmo e continuarão assim, você desencana. Deixa os óculos ao silencioso repouso na napa.
Morro de medo de lente de contato e cirurgia corretiva, na verdade. Entendo que não valem o esforço. E por mais que o risco seja bem pequeno, se acontecer alguma coisa, não terá muito o que fazer. É só uma vez.
Poxa, nossa visão é algo tão especial. Cuidemos bem dela, meu chapa. Quer usar os óculos (os óculos, e não o óculos, pelo amor, hein?!), use. Sem receio. Como diz a música: "eu uso óculos, oh oh."



30.8.17

Cinco bons começos de dia

Quando meu filho nasceu.
O nascer do sol em Farol de Santa Marta.
Acordar amanhã.
O canto do sabiá no domingo de manhã.
O sorriso do Pedrão ao meu bom dia.

VII. eu

Eu
Teu      seu
Meu
Nosso? Deles
Chegando ao final da série fotografia escrita. Sétimo recorte. Eu, o tema, ainda. Diferente de ontem, sou eu, é claro. Mas, como reconhecer meu ser se já não o sou?! Assim, vivemos em um eterno presente sem rastros, sem identidade. Queria ser amanhã diferente do que fui ontem. O que sou agora não importa tanto, desde que não seja mais. Não tem sentido, eu sei. Ou, talvez, tenha.
Precisava, de qualquer forma, trazer um texto por aqui. Não para você, óbvio que não. Para mim.
Volte sempre, sem dúvidas.

Café

Solúvel, pois já passei. Frutas, por favor. Pão de cada dia. Suco. Água. Esse o desjejum do Mané. Dia sim, dia também. Café puro, sem açúcar. É preciso sentir o gosto do grão. Não ferva a água, estraga o oxigênio da bebida estimulante. A fruta é equilíbrio. A água é água, ué. O pão é sustância. Café da manhã é, na verdade, do dia. Tome.


Sobretudo

Casaca de crocodilo palavra-chave dança final impostos e morte a promoção o filho o pai a saúde o riso o amigo o verbo
                                Sobretudo
A      v         i         d           a

29.8.17

Sua lista do bom sono

Dormir
Dormir mais
Acordar


Careta

Rio
      Porque rio
Só é
Pois, viu
A pedra
               O vazio




Poetarico

Fico
       Raro
Quero
           Quando
                         Cubro
Ontem

Quase sem vida

Dormiu? Menos
Comeu? Mal
Bebeu? Pouco
Viveu? Quase

Camelô

Vende-se
O quê?
Corre
Do quê?
Ganha
Quanto?

Camelou

Três razões para escrever

          Ser lido
Ler-se
                    Se ocupar


Seis dentes

Patrícia tem seis dentes
João só dois
Armando perdeu um, agora
Quantos implantes a Mara comprou?

Socorro

Pede quem ora
Já que a ponte não verga para o rei
Quem hoje ri, é porque ontem chorou

Meu caminho. Vi, de vii

Meu caminho é diferente do seu. Que é diverso do dela. Não tem nada a ver com o dele. É só meu.
E o que isso significa? Muito. Nem tudo o que funciona, funcionou com você será bom para mim. Seu ideal de sucesso é outro. Suas derrotas são outras. Seu sono não é igual ao meu descanso.
Então, deixe, respeite, entenda o caminhar do seu vizinho. Nem sempre estará errado só por ser tão esquisito. Sua amiga escolheu fazer tal coisa e você não concorda?! Acha errado?! Pense bem e veja se não há egoísmo seu. Ela pode, sim, optar por aquela opinião única.
Não prejudiquem ninguém, não queiram conquistar o mundo em um só dia (nem Deus conseguiu). O resto pode.
Eu me vejo como alguém diferente (todos já sentiram isso ou ainda sentirão). Parece que tenho ideias únicas. E tenho mesmo, por mais parecidas que possam ser com outras. São muito idiossincráticas, pois sou eu que as tenho. A mesma ideia em diferentes pessoas será única, particular. No seu nascimento, na sua execução, na sua gestão.
Você é você, meu amigo.


Luanças

Veio por volta das zero horas
      Janela limitada, show breve
Se ponho no telescópio dura dois, três olhos
      A rotação não para não
Hoje estava daquele jeito meio cadeira de balanço
              Sobe
         Desce
   Vai
        Volta
                Andanças nuas
Da lua

28.8.17

Mato quente. V

Sou o mato. Sempre fui.
O entardecer é alaranjado por causa da poeira. Sabia dessa? Nunca soube. Há pouco me disseram. Faz todo o sentido. É, realmente, uma boa hora para lembrarmos do pó. Essas partículas que tanto nos incomodam. Varre varre varre, aspira, pano úmido. Ele continua lá, em seguida, no ar. E repousa, rapidamente.
Sou o pó. Você também. E o mato. O mato quente, que arde, que não é só mato. É tudo. Acabemos com a Amazônia, claro. E com nós mesmos. Talvez, bem antes da derrubada da última árvore que consigamos derrubar. O resto é pó. Pó pó pó pó