27.6.14

Dos próximos poucos segundos.

Escrevo para passar o tempo. Para vencer o tic-tac, rejuvenescer o dia.

Diz o jornal que ano que vem a seca será a mesma. Anos somados, desafios dobrados. Fico com medo, tenso no correr da água da torneira. 'Fecha logo, fecha logo.'

Já escrevi vez dessa os anos futuros. Eventos marcados, planos e trabalho para todos , talvez não o de carteira assinada, dos gabinetes tradicionais, mas o da auto-preservação da espécie, esse sim haverá muito, dizem.

Tristes presságios: mais escassez de recursos naturais, guerras por água, fome, miséria.

Não consigo, não posso deixar de pensar nisso tudo. Repito que tenho dificuldades em deixar a água correr.

No entanto, talvez pouco faça além dessas breves linhas. Ou não. Talvez muito faça, muito fiz, em comparações. Estas que penso não podermos sempre ver como úteis. Tão diferentes somos, estamos, seremos uns dos outros. Embora acredite na unidade.

Enfim, pois já é tempo, de novo devo escrever. Meu tempo também corre, como a preciosa água, nos próximos segundos (quantos?).






22.6.14

Oba, digo, o Bach.


A Vanessinha compartilhando seus dotes literários. Belo texto. Colaborei com a última frase e uma ou outra sugestões, mas o texto é da Vá, embora ela faça questão que eu também assine. Assino, claro. Casal é casal, hehe.


Oba, digo, o Bach.

Após dias pesquisando onde estaria o afamado pet finalmente o encontramos. Não antes da ajuda de quem define bem o que é esquerda do que é direita.

O tamanho do lugar não segue a fama, mas era onde ele estaria. Era o necessário para ele nos encontrar.


A calçada estava repleta de gaiolas com animais. Alguns ariscos, outros dormindo, outros no colo seguindo sua nova oportunidade de caminho olhando para quem ficava como se dissessem adeus. E lá estava ele em uma gaiola, já com nome, lar e sem saber disso.


O sofrimento. Abandonado, recolhido, adotado, devolvido, engaiolado, exposto, humilhado. Gato feio, gato feio. Subnutrido, infeccionado, “dermatitado”, “otitado”... O que é imunidade mesmo? 


Olhamos um, outro. Ele diz: “Queremos ver esse”. O gato dormia com uma meleca estranha nas costas escondendo a falta de pelagem. Primeiro no meu colo. Inspeciono, agrada, simpatizo. Converso com o Piero e então o gato toca meu queixo com a pequenina pata como se me chamasse. Olho para ele e era ele que procurávamos. “Pega agora você”.  Piero conversa comigo e então o gato morde seu queixo, com certeza era ele quem nos encontrava.


Veterinário aqui e veterinário lá. Cuidados foram diários e ainda são. 

Compramos e inventamos brinquedos, mas quase não damos conta de brincar tanto; por sorte, dorme outro tanto. 


Meigo, dengoso, carinhoso, às vezes atrapalhado, às vezes terrível. Ele está ótimo. Gato.


O Bach dói, o Bach rege, o Bach mia, o Bach faz, o Bach sola, o Bach sim, o Bach lão.



Vanessa Alessandra de Oliveira


e


Piero de Manincor Capestrani (só a última frase e um ou outro detalhe)


 

20.6.14

'O destino é a vontade'. Machado de Assis (1839-1908). Concordo.

E, 'quem procura acha', diz a sabedoria popular. Sim. Há a casualidade, acredito, mas muito mais importante é a vontade, a procura, a energia que empregamos para algo.

Hoje, 20 de junho, completo 29 anos. 

É claro que já tive dúvidas. Tristezas, dificuldades, supostas derrotas (prefiro pensar em 'aprendizados') e desafios que pareciam invencíveis.

Porém ('ah, porém', como diz a música), estou aqui. Venci? Estou aqui.

Estamos todos. Vivos. Procuramos, achamos, ainda não, talvez um dia, talvez não, optamos por outro caminho, seguimos com vontades ou sem elas, apáticos ou cerelepes ou entre eles.

Fico feliz. Gosto muito da passagem do tempo, do acúmulo de vivências, palavras, músicas, dentre tantos outros bens.

Procuro conter ansiedades e preocupações. Não tenho pleno controle, como nada é 100%, nem definitivo. E tudo bem.

Sem erros e contrastes nada existiria, afinal. Como verdes o verde sem vermelhos? Como perfeito sem os erros satisfeitos?

O destino, portanto, é tudo isso. Procuras, desvios, anos (de antes e depois), o agora e você, eu.

Viva a vida. Parabéns, a mim. 



18.6.14

A confissão de Lúcio (Mário de Sá-Carneiro).

Bom livro. Recomendo. Romance que lembra os thrillers de Edgar Allan Poe. Final interessante. Seguem dois bons trechos da obra:

“– Um belo futuro?... Olhe, meu amigo, até hoje ainda me não vi no meu futuro. E as coisas em que me não vejo, nunca me sucederam.
Perante tal resposta, esbocei uma interrogação muda, a que o poeta volveu:
– Ah! sim, talvez não compreendesse... Ainda lhe não expliquei. Ouça: Desde criança que, pensando em certas situações possíveis numa existência, eu, antecipadamente, me vejo ou não me vejo nelas. Por exemplo: uma coisa onde nunca me vi, foi na vida – e diga-me se na realidade nos encontramos nela? (...)” (Mário de Sá-Carneiro (1890-1913, português), A confissão de Lúcio. São Paulo: Martin Claret, 2006, p. 43, grifo do autor.)

“Mas este novo período de calma bem pouco durou. Em face do mistério não se pode ser calmo – e eu depressa me lembrei de que ainda não sabia coisa alguma dessa mulher que todas as tardes emaranhava.
Nas suas conversas mais íntimas, nos seus amplexos mais doidos, ela sempre a mesma esfinge. Nem uma vez se abrira comigo numa confidência – e continuava a ser a que não tinha uma recordação.
Depois, olhando melhor, nem era só do seu passado que eu ignorava tudo – também duvidava do seu presente. Que faria Marta durante as horas que não vivíamos juntos? Era extraordinário! Nunca me falara delas; nem para me contar o mais pequenino episódio – qualquer desses episódios fúteis que todas as mulheres, que todos nós nos apressamos a narrar, narramos maquinalmente, ainda os mais reservados... Sim, em verdade, era como se não vivesse quando estava longe de mim. (...)” (Ib id, p. 83, grifo do autor.)


16.6.14

Órfã na janela (Adélia Prado).


Estou com saudade de Deus,
uma saudade tão funda que me seca.
Estou como palha e nada conforta.
O amor hoje está tão pobre, tem gripe,
meu hálito não está para salões.
Fico em casa esperando Deus,
cavando a unha, fungando meu nariz choroso,
querendo um pôster dele, no meu quarto,
gostando igual antigamente
da palavra crepúsculo.
Que o mundo é desterro eu toda vida soube.
Quando o sol vai-se embora é pra casa de Deus que vai,
Pra casa onde está meu pai.


Adélia Prado. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991, p. 211.



'E se?' I.

E se você lavasse as suas mãos com mais calma, hoje? Tente.


11.6.14

BRASILSILSIL.

Brasilsilsilsil. Sem pudor, ressentimentos, tristezas e manifestações. Deixo para outra hora. Que role a bola, vai?! Ganhe da Croácia (por 2 X 0, para que eu ganhe o bolão). Do México e de Camarões. Só alegria. Pelos meus palpites (postagem de 23.5.2014 - http://escritamcp.blogspot.com.br/2014/05/palpites-para-copa-do-mundo-de-2014.html), ainda ganhará, nesta ordem, da Holanda, da Inglaterra, de Portugal e, na final, da Alemanha, nos pênaltis, por 7 X 6 (0 X 0, no tempo normal) - adoro pênaltis. 

Pode ser? Então, vamos torcer para a seleção. Depois a luta continua. Manifestações etc. etc. Afinal, ainda teremos a eleição presidencial. Outra festa, infelizmente.

E é isso aí. Sempre fui patriota. Gosto muito do nosso hino e, juro, me emociono quando o ouço. Adoro Copa do Mundo. Gosto de assistir todos os jogos, torcer pelo Brasil e balançar a nossa bandeira. Tão bonita ela é.

Boa Copa a todos. 2 X 0, hein?!





5.6.14

Rui Barbosa.

"Há quase sempre alguma coisa impalpável e misteriosa no seio dos acontecimentos, que conspira contra as conspirações, mesmo quando essas vêm de cima para baixo." Rui Barbosa (1849 - 1923) (1)

Grande frase de Rui Barbosa. Figura notável desse Brasil. Vale buscar sua biografia.

Não é sobre ele, porém, que quero escrever (dessa vez). Mas, sobre a minha ideia da frase, mesmo que possa ser diferente da original (mais política-social, creio).

Penso num viés filosófico dela. 

Os acontecimentos. Que são eles? Mais que impalpáveis seios, imprevisíveis. Buscamos algo, conseguimos outra coisa, talvez o que estivermos precisando, como cantam os Rolling Stones, na música You Can't Always Get What You Want ("but if you try sometimes, yeah, you just might find you get what you need"). (Ótimo som, aliás.) 

Não temos controle (nenhum) sobre o próximo passo. Dependemos, sim, de nossas escolhas que, por sua vez, nos direcionam a certas tendências. Só. Tudo além disso é palpite, esperança, construção. 

Não sabemos da hora da partida, da certeza (que certeza?) do sucesso (embora cante Raul Seixas: "o caminho do risco é o sucesso"). Contudo, vivemos. E, pouco ou nada pensamos sobre tudo isso. Afinal, não há muito o que se concluir.

Portanto, e é isso que queria trazer, a vida pode parecer sem graça e triste, porém, não é. Justamente por causa dos acontecimentos. São tantos e, porque inesperados, alegres. Vêm sorrateiros e pesados, nos alteram o senso, modificam caminhos. Sobretudo, servem para a evolução. Esta, talvez, a resposta de estarmos aqui.

Força. Coragem.

Viva, caro. Vale a pena. No final, que chegará (disso, parece, há certa certeza),  (não sei o resto da frase – isso não é legal?)    

Fui (maneira de dizer, haha).


(1) Obras Completas, Vol. XVI, Tomo VII. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1949, p. 87 in Miguel Matos. Migalhas de Rui Barbosa. Vol. I - 1ª ed. São Paulo: Migalhas, 2010, migalha 281.  



4.6.14

Mais um nome complicado. (O perfume, de Patrick Süskind)

Tenho lido escritores de nomes complicados. Lev Nikolayevich Tolstói (Ana Karenina), Charles Bukowski (Mulheres), Patrick Süskind (O perfume) e, atualmente, Fiódor Mikhailovich Dostoiévski (Crime e castigo).

Desses, gostaria de comentar 'O perfume', de Süskind.

Bom livro.

Vários perfumes se misturam: da descrição minuciosa de pessoas, de ambientes e de cheiros; da narrativa envolvente; do thriller, e da cultura e do mistério.

Refletimos o valor do olfato, o prazer dos bons aromas e o asco de certos odores, este nem sempre o mesmo entre as pessoas.

A história, em formato de romance com tons de realidade e ficção, é bem costurada e tem final interessante que nos faz refletir até que ponto pode chegar a atração humana pelo cheiro marcante. Mais: podemos ser manipulados, mesmo que inconscientemente, por perfumes ou aromas diversos, agradáveis ou não? Ou, até mesmo, pela ausência de cheiro?

Por isso, vale ler o livro. Também porque não é monótono, pelo contrário, contém cenas de temas polêmicos, como o erotismo, o assassinato, a exploração de trabalho, a discriminação e a transformação e combinação de substâncias naturais, afinal, o livro se chama 'O perfume'.

Depois, vejam o filme que fizeram com base no livro (igualmente bom).

Adoro ver o filme de livros. Acho que há trechos de filmes que captam a ideia da cena ainda melhor do que nos livros.

Por exemplo, no primeiro filme, da trilogia do Poderoso Chefão. Michael e o padeiro estão na escada da entrada do hospital em que Don Corleone está internado. Chega o carro dos mafiosos. Michael, para afastá-los, finge que pegará uma arma no sobretudo. Eles vão embora, achando que o hospital está guardado por seguranças. A cena é diferente no livro. Não há essa insinuação. No filme ficou mais interessante.  

Aquele abraço.

MCP


  

2.6.14

Clube do livro. Primeiro livro: Crime e castigo, de Fiódor Doistoiévski.

Caros,

Ideia boa. Clube do livro.

Primeiro livro: Crime e castigo (1866), de Fiódor Doistoiévski (1821 - 1881).

Leremos, discutiremos e o que mais estivermos dispostos. Criação de textos, quem sabe?!

Mais informações nos comentários. Abraço.