19.10.13

Sobre a arte.



Sempre a arte rebate severos momentos de sede dela própria.
Apropria o ser condescendente e recria a vida em sua substância.
Refreia ansiedades porque tolera o tempo.
Não carece de termos ou processos.
É inventiva.
Qual figura é a arte senão ela mesma?
Faça arte.
MCP

13.10.13

XXIX. Com a vida. (e não há, hoje, mais capítulos. mãos à obra.)



E Nermo? Nermo não tem ansiedade. Para quê? Sua história corre como a vida, com a vida, pronto.
Assim, Nermo deseja boa noite a você, leitor noturno, enquanto folheia (quem sabe um dia) ou rola o mouse ou clica a tecla ou deda a tela, tanto faz, embora ele ainda preferisse mesmo o papel.
Nosso personagem não escreve todos os dias, mas lê, há muito tempo, quase diuturnamente. Espera inspirar certas ideias além de pó de certos alfarrábios ou aproveitar a experiência calma de frases amontoadas em páginas de pessoas com pressa.
E por aí vai e por aí foi e por aqui chegamos. Ora, pois. No encantador mundo da tinta desenhista ele encontra seu prazer, sua paz, sua ambição. Até hoje.
Não se importa muito com a forma, que é sempre transformável, como ora se transforma, deforma e, não menos ou mais, forma.
Suas palavras ardem em seu papel. Deles, dele.
Coragem. Ação. Faça, depois conte que fez.
Que seja. Refaça.
Enfim, lembrando do grande Raulzito: “tente outra vez.”
De vez em vez ele volta, voltamos, criamos, escrevemos e que bom. Ele, eu. O personagem, sua atuação e seu ventríloquo.
Siga em frente, Nermo.
Da próxima, até, quem sabe, boto você para trabalhar. Escrever um pouco, correr, estudar, dar aulas, ler processos, falar com o juiz. Quem sabe.
Até mais ver, meu caro. Agora durmo, porque não sou de tinta. Não essa tinta, pelo menos. Não grudo ou firmo no papel. Escorro por entre as linhas, transponho os limites do caderno, pulo da mesa e corro para o quintal. Subo o morro, olho as estrelas e imagino e realizo meus sonhos. Por isso, preciso dormir um pouco. Registro “Nermo” nas pautas, guardo a caneta, fecho o caderno e durmo com os anjinhos. Graças a Deus. Fui. Boa noite, leitor querido. Vá dormir também, vá. Tchau.

XXVIII. De qualquer forma, é. (o XXVII. está por aí.)



Capítulo vinte e oito. De vinte e oito, até agora, trechos de uma história. Uma narrativa que ainda espera por mais fidelidade, mas, no caminho, vai se transformando e de alguma forma é.
Norme, um nome com um “y” no meio. Algo simples, pobre, porém, com algo no meio, com algo. Essa é a tentativa, a criação, a fusão entre vontade e prática. Um “r” no meio.
Três parágrafos de palavras, frases e ideias que percorrem, graças à Parker 51, as linhas de um caderno em branco. Pelas experiências de um homem e seu anseio de escrever. Escrever um texto longo. Com mistura de ficção e realidade, de prosa e (não seria tarde para começar) poesia, de personagens e lugares. Em ritmo, depois, a chamou. A história, enfim, segue seu rumo, seu destino.
Esses dias ele levou de um encontro de amigos um livro sobre ficção. Quem sabe esta narração ganhará mais qualidade?!
Por enquanto, nesses cinco parágrafos escritos como escritos, são eles que temos. Que bom. Como dizem, aliás (provavelmente algum outro chinês), é caminhando que se encontra o caminho. Caminha ou com a sua maneira. Fui. Até o próximo momento nosso.

XXVI. Atropelamentos.



Outro dia. Outra manhã. Outro Norme. A história, da mesma forma, era diferente.
Mudamos de percepções a cada instante. Sobre nós mesmos e todas as interações que estamos sujeitos na vida. Que beleza. Que bom.
Por isso, esta história, escrita em pedaços não lineares e pelo tempo afora, muda (e como).
Tento manter certa ligação entre seu começo, meio e (espero) fim, mas o tempo anda tão depressa. A vida nos remete a uma infinidade de atividades que acabamos priorizando umas em lugar das outras e atropelamentos acontecem. Como este. Fui, preciso pegar a condução para o trabalho.  

XXV. Começo, meio e fim.



Norme acordara. Seja em 3ª pessoa ou em 1ª, não lembrava mais. Retomar o nexo, a coesão, o ritmo, pensou. Afinal, sua história agora estava sendo lida. “Uou. É mesmo.” “What a fuck.” Norme ou Nermo (Norme é melhor), vamos caprichar, então. Ritmar. Em ritmo, sim senhor.
– Bom dia, Norme.
– Quem? Ah?
– Sou eu.
– Eu? Neroy?
– Está pensando em mais alguém?
– Vou contar uma história. Sente-se e não se preocupe com o tempo. Apenas contemple a lua que vê pela janela e continue prestando atenção na minha voz e no canto do quero-quero que perambula no terreno ao lado. Às vezes, não devemos nos preocupar com explicações (muitas vezes), mas apenas ouvir, aprender, conhecer a voz que nos procura. Ok? Ok.
“Um senhor de aproximadamente 80 anos estava sentado no banco de uma pequena praça que ficava dentro de um parque. A praça era arborizada, fluía um pequeno córrego limpo e bem próximo dela. Um bambuzal fornecia sombra.
Roque, um jovem de uns 20 anos, viu esse senhor em um de seus passeios solitários matinais (de Roque e do senhor). O senhor escrevia em um pequeno caderno. Escrevia em japonês.
Que interessante, também estou com um caderno e poderia me sentar no banco ao lado, escrever e, assim, identificações começam e puxo papo com o senhor oriental, pensou Roque.
Não. Sim, sentou, começou Roque a escrever, porém não houve as esperadas identificações, a esperada oportunidade de Roque puxar papo. Momentos depois de sentar o senhor levantou-se e foi embora.
Nunca mais Roque viu esse senhor.”
– Veja, Norme, o dia já vem raiando. Veja que bonito o contorno do sol da manhã nas nuvens sobre a montanha.
– Estou vendo. E a história? Já acabou?

Sala de embarque.



São José dos Pinhais, 10 de outubro de 2013. 16:44. Aeroporto Afonso Pena. Sala de embarque.

Impressionante como um tampão de ouvido dá certa paz ao sujeito. Certo alheamento Diminuição sensível da zona moderna: barulhoooo. Se se fecharem também os olhos, então, vixe, ara, nada mal.
Estou cansado. Um pouco estressado. Não muito. Fecho os olhos. Medito por alguns minutos. Bom. Fácil. Revigorante. Com os tampões consigo bem ouvir minha respiração. Lugar solitário no meio de tanta gente. Muito interessante. Podem-se encontrar tampões (bons) em qualquer farmácia. Santo remédio. Relaxa mais que aspirina, rs.
A meditação então, vixe vixe. Tente. Feche os olhos, não pense em nada (faça um esforço, rs) ou pense no seu corpo – se sentir uma coceira no nariz, pense na sola dos seus pés (esteja sentado confortavelmente – não é para dormir) – não se mexa (se esforce – coçou a orelha, pense no seu cotovelo, sim, no seu cotovelo). Tenho certeza que gostará de meditar.