31.1.17

Capítulo iv Notícias de lá

       o jovem marca o amigo
O status é "achando muita graça"
   compartilham a notícia
"Sociedade perdida --, em si mesma"
            que bla bla
Bla, não tem sequer "net"
Que não se pode voltar à pré-história
      bando de hippies doidões
Desliga o computador
Acessa pelo smartphone
               Zap zap, #Flintstones
Dormem.
Buzinas. motos
Som automotivo
De manhã     ,        sucrilhos
Descansa Donut's
Refresca Su Fresh
                 Sofá
             TV
                        Academia
              Bar
Moribundos
MAS, NO MATO TEM MUITO INSETO.
já teve mais

15.1.17

Oração a São Sebastião

Dia 20 é dia de São Sebastião. O frango com polenta começa às 18h na Paróquia do Padroeiro. 19h30min tem procissão.

Glorioso mártir São Sebastião,
soldado de Cristo
e exemplo de Cristão,
hoje vimos pedir
a vossa intercessão
junto ao trono do Senhor Jesus,
nosso Salvador,
por Quem destes a vida.
Vós que vivestes a fé
e perseverastes até o fim,
pedi a Jesus por nós
para que sejamos
testemunhas do amor de Deus.
Vós que esperastes com firmeza
nas palavras de Jesus,
pedi-Lhe por nós,
para que aumente
a nossa esperança na ressureição.
Vós que vivestes a caridade
para com os irmãos,
pedi a Jesus para que aumente
o nosso amor para com todos.
Enfim, glorioso mártir São Sebastião,
protegei-nos contra a peste,
a fome e a guerra;
defendei as nossas plantações
e os nossos rebanhos,
que são dons de Deus para o nosso bem
e para o bem de todos.
E defendei-nos do pecado,
que é o maior de todos os males.
Assim seja. Amém

Pedra

Piero Pedro Pietro Pedra Pétria Pétra
Primeiro Rocha Sólido Diverso Único Belo
Filho Pai Jornalismo Escola Nome Significado
Amigos Pessoas Admiração Força Eu Você
O nome tem quadro social largo. Paisagem viva que já nasce emoldurada. Realça traços no decorrer das luzes calmas dos dias. Pedro para Pedro para. Para Pedro, Pedro para. Noção jovem de possibilidades tantas. Meu filho, o nome importa na medida da sua gana. Nossa escolha, apenas própria, é já história. Vida inteira usufrua e carregue mais que alcunha, a Pedra seja mesmo o firme "o" de Pedro. Pedro de Oliveira Capestrani.

Tensão da corda

Necessita o escritor de álcool e fumo, lia-se em sua porta. Desde que começara a receber visitas dos vizinhos e dos vizinhos dos vizinhos quis tirar proveito da situação à promessa de mais belas palavras.
Não era charlatão. Realmente, depois de disseminada a doença local trancara-se por dias na sua casa não só em respeito e durante a quarentena, mas também por mais tempo para escrever trabalhosas poesias sobre a terra d'antes.
A febre, a prostração impediram as tarefas da cidade e do campo. Foi um colapso e poucos ficaram ou sobreviveram ao mal súbito e incurável. Passado o surto tudo era triste, parecendo sequela da enfermidade.
Foi Luís, um dos poucos imunes, o argumentador ou, se preferir, o artista da reviravolta de Planalto Seco, nome de fundação da localidade d'onde a água só chegava de burro antigamente.
- Venham, venham. Estive no quarto não só chorando pelos que foram, pois nunca deixaram meu pensar e até mesmo ainda visitam meus sonhos. Vejo rostos descontentes, corpos pesados e espíritos tão secos quanto nosso barro. Deixem-me declamar algumas poesias e sei que irão refrescar os olhos e quem sabe reaver o vaso d'ontem.
Duas, três pessoas. No dia seguinte voltava. E assim foi por vinte dias seguidos. Sucessivamente também os novos ouvintes, em número e atenção. Desde o primeiro dia deixava à disposição seus livros de poemas (já tantos) e um chapéu com moedas e notas pré-inseridas no buraco da cabeça. Uma hora, duas ficava Luís a cantar versos sem parar. Contava sobre a vida de menino na vendinha do pai, da descarga elétrica sofrida por Baltazar no dia de Natal, da criança afogada no balde ou da primeira festa de aniversário da cidade. Só que descontava tudo. Quem havia vivido os acontecimentos mesmo se perguntava se teria sido do jeito que lembrava ou do poema. Nem ligavam, tão bonitas as palavras misturadas, as rimas melodia.
Nunca se casara. Não teve filhos. Seus amores de juventude não venceram seu encarceramento em si mesmo. Sempre nos bares depois do trabalho público e de volta neste depois da cama. Lia muito. Não era ébrio. Entre os dias vulgares tomava muita água e o balcão de muito só a conversa. Bebeu mais entre versos ou prosa. E com os chapéus pesados não economizou na bebericagem. Vinho, cervejas importadas que trazia o alemão da esquina, cachaças várias, saquê do Seu Ivan, e até rum do pirata do seu primo.
Não demorou e pediu exoneração. Disse já estar na hora de dedicar todo seu esforço às letras. A ordem do gabinete era má influência ao verbo livre. "Como sobreviverá, Seu Luís?"
Sobreviver sobrevivia. O saldo já era maior. Sua arte era admirada na região e não foi só um turista de longe seu cúmplice. Findo o canto frasal recebia quem quisesse conhecer sua casa e seu jardim de flores, já que sempre, dos livros, pendia flor. Dizia que por mais duro o verso não poderia faltar humanidade e o ser homem gosta de flores.
Porém, as moedas só davam para a comida, casa e cuidados com a saúde. As águas das linhas não tinha.Começou a comer menos. A anágua da escrivaninha furada. Barba por fazer, cabelo seboso. Ainda ia na praça, mas só para emudecer. Começou a fumar. Nunca havia colocado um cigarro desses na boca. Sem mais flores.
Tiveram a ideia de divulgar sua extensa obra na internet para celebrar a riqueza local. A festa anual de tempos cidadinos teria a presença dele, o mais célebre cidadão, autor de combinações literárias de tirar qualquer um de amargores e trazer de volta o ânimo, convidava o evento.
Não foi.
A intenção não era egoísta. Queriam sim o amigo novamente nas gentes, nos calços de cada planaltense.
Virou lenda. Toc toc. Não respondia. Só. saia por recados: ou come o pé ou o arroz com chuchu mané; hoje não sei, amanhã quem tem coberta nova é rei. Construíra ele mesmo uma engenhoca que ao mesmo tempo rodava um manuscrito de papel que imitava lousa e se empurrado abria uma grande caixa que girava em seu próprio eixo.
Viveu por cinco anos assim. Continuou escrevendo e quando a porta deixou por dois dias as mesmas palavras encontraram Luís no quintal mato alto -, inerte.
Não adiantaram os pedidos (todos respondidos). Apenas girava o pórtico de uma a três vezes ao dia e ele mesmo reparava qualquer coisa na casa. "Se não há chave Philips, então os pensamentos são vís."
Peregrinos da literatura vinham à cidade com os melhores vinhos e tortas de maçã. "Vejo a menina hoje sã. De certo comeu torta de maçã." Faziam serenatas em frente ao bunker de Luís e choravam por ele. Havia de novo tristeza na terra. "Ouço seus lamentos e nem sei mais dos meus tormentos."
Nem ninguém soube. Foi mesmo de um dia para o outro que começou a reclusão. Primeiro dele mesmo, depois da presença dos outros. Os artistas devem ter dessas coisas, enxergam a vida de outra forma. "Se ainda houver tinta na folha, por favor apenas a segunda recolha." Foi o último verso da lousa do poeta.

Bela centopeia

Cem pernas. Sintonia máxima entre elas. Dá para imaginar uma orquestra tocando. A primeira se move e antes da chegada a centésima. Qualquer barreira se vence, o jardim é só dela.
Conheci uma. Sou um tatu-bola rápido e com o couro certo. O lugar descrevia ela, não eu, porém. Grama à cortar, folhas secas à catar por todo o quintal. Andava, andava e eu era só cansaço. A centopeia, com aquele tanto de pata, apenas movimento se via. Uma, duas, três, quatro, dez, cinquenta, infinitas, meu Deus. Como rapidamente assim? Tropecei.
Muito logo levantei. Centopeia, centopeia, chamei. Parou. Que parada. Cessar uma coisa dessas é como uma síncope. Você só imagina o trem andando. Seu Tatu, disse. E continuou.
Fiquei bem uns pares de dias com a pernuda nos olhos alagados. Não vi mais ela por alí. Contou o Seu Caramujo que mudara-se para outro ramerrão. Sonhei com ela. Cada passo tilintava e a minha atenção era plena, de cem por cento. Com atos sem donos, a centopeia é, sobretudo, mulher.

Sermão do monte

Não há bancos para todos,
tampouco satisfação.
Estou absorto dos
homens que são:

ingênuos e covardes.
Apalpam o sonho cálido.
Do Livro tu ardes.
O que, criatura, tens lido?

Senta na terra.
Respira o pó dos pés.
O vermelho erra,

não sobrevive ao lar de Deus.
Já és:
pária aos seus.

Tudo bem. Com Ele sempre conte.

12.1.17

Tema vencedor: homenagem ao nada.


Três pontinhos. Diz o escritor que as reticências são incompletas. Não dizem. Preferível compor à deixar subentendido. Graça boa.
Céu azul de brigadeiro. Os olhos nus não se acentam. A imensidão clara é seca. Falta a nuvem rota.
A menina só linda. Não é nada. É preciso a tristeza, canta o poetinha vagabundo.
O ninho vazio. A coisa mais infeliz do mundo machadiano.
A folha em branco. Nada. E tudo, como o nada.




8.1.17

Desculpas oradas aos vermes

São poucos aqueles que olham os bichos. E isso me incomoda. Não nasci na favela, nunca morei na rua, minha família é tida como bem estruturada. Passo longe do subúrbio. E não me sinto bem por isso. Penso sobre as pessoas que dedicam energia com as mazelas sociais. As chacinas recentes nos presídios brasileiros confirmam a precária humanidade. Os vermes morrem. E é claro que não são bichos ou vermes, mas pessoas. E se chocam as palavras deveriam eclodir mais sentimentos práticos de ação. Mas, não. O homem espera a fuga em massa e a barreira na sua porta ruir. Porque um dia ela rui.
Contaram para mim sobre a experiência bem sucedida de desculpas oradas em uma casa de detenção. Por cada história de desvios e ausência pediu-se perdão. Melhoria de comportamento e clima geral.
Acredito na unidade. Peço as minhas desculpas. Desculpem pela minha ausência. Perdão pelas minhas atitudes. Certamente estou errado. Podia, mas não fiz. Sabia, porém fingi não saber.
São poucas coisas. E temos ciência de tudo. A vida é tão breve. Sinto muito.

6.1.17

Riscos

Tremedeira, pum solto lá vai ele para mais uma situação de risco. Por quê? Por que gostamos de nos meter em lugares, momentos arriscados? Seja o risco que for: de vida, de relações sociais, de outro tipo. Ora, não é o risco o procurado, mas o que se espera ao vencê-lo, claro. E se tudo der certo? Nem sempre dá. E conviveremos com o preço a pagar. Seria melhor não nos arriscarmos? Ah, não. A bendita adrenalina correndo pelas veias é importante. A vitória mais ainda. Não precisa pular de um penhasco esperando o risco de voar, poxa. Medir e planejar o possível é necessário. Aí é só curtir o vento nas ventas e abrir o paraquedas na hora certa. Sim, arrisque-se. O máximo que pode acontecer é dar tudo errado. Tudo bem, estamos aqui para aprender, não é?! (Risos.)

5.1.17

O xadrez imita a vida

"É  preferível traçar um plano incompleto, ou mesmo defeituoso, do que deixar-se levar à deriva, sem plano algum. Da mesma forma, é preciso prestar também atenção ao que o adversário faz, ou pretende; não é sensato jogarmos como se estivéssemos sós diante do tabuleiro e as manobras do adversário não nos dissessem o mínimo respeito." Iniciação ao xadrez. Flavio de Carvalho Junior. 11. ed. São Paulo: Summus, 1982 (5. ed.).

4.1.17

Está tudo na Bíblia

Já leu o Livro? Contém tudo o que você sabe, viveu, aprendeu. Experimente. Tanto o Novo quanto o Velho Testamento tratam sobre o seu dia, da manhã à noite. Dizem sobre o que esperar da vida, o que fazer perante desafios e como viver em paz. Argumentam para o seu bem e descrevem com detalhes as situações do homem. Nada escapa. É leitura viva. Como se escrita ainda hoje pela manhã.
"Quanto ao mais, irmãos, sede alegres, procurai a perfeição, confortai-vos, tende um mesmo sentir, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco. Saudai-vos uns aos outros com um beijo santo. Todos os santos vos saúdam.
A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós." Coríntios, 13-11, 13. Ed. Vozes

3.1.17

Idade da razão, Jean-Paul Sartre

"SE EU NÃO TENTASSE VIVER POR CONTA PRÓPRIA, EXISTIR ME PARECERIA ABSURDO."

Boa dica de leitura para as férias. Se gostar vale ler toda a trilogia: o segundo é o Sursis e o terceiro Com a morte na alma.
Os enredos são voltados ao existencialismo, grande teoria de Sartre. Existir, o maior e mais difícil mistério da vida. Mais: a que viver? Motivação, relações, a própria vida.
O primeiro tomo é leve, delicado. Cenas simples como o prazer de uma adolescente fitar as bolhinhas do champanhe. Os outros dois já são mais tensos e tem a temática da morte e da suspensão da vida diante de um grande acontecimento inevitável externo que se chama guerra.
Segue um trecho do primeiro romance:
"Isso de me conhecer não me interessa tanto assim - disse simplesmente.
Eu sei - atalhou Marcelle -, não é um fim, é um meio. É para libertar-se a si próprio; olhar-se, julgar-se: sua atitude predileta. Quando você se olha, imagina que você não é o que está olhando, que você não é nada. No fundo, é o seu ideal: não ser nada.
Não ser nada - repetiu lentamente Mathieu. Não. Não é isso. Escute: eu... eu gostaria de nada dever senão a mim mesmo.
Sim. Ser livre. Totalmente livre. É seu vício.
Não é um vício - disse Mathieu. É... Mas que quer você que a gente faça, então?
Estava irritado. Tudo isso, ele o explicara cem vezes a Marcelle e ela sabia que era o que mais lhe importava.
Se... se eu não tentasse viver por conta própria, existir me pareceria absurdo.
Marcelle tomara um ar sorridente e obstinado:
Sim, sim... é seu vício.
Mathieu pensou: "Ela me irrita quando banca a sabida", mas teve remorso e disse docemente:
Não é um vício; assim é que sou.
Por que os outros não são assim, se não é um vício?
São assim, mas não o percebem. (...)"

"SE EU NÃO TENTASSE VIVER POR CONTA PRÓPRIA, EXISTIR ME PARECERIA ABSURDO."

Insisto, vale a leitura. Abraço.

2.1.17

Igreja Sant'Ana, Vinhedo

Em pouco tempo estarei novamente na praça de mesma alcunha. Não só ouvirei as seis marcantes badaladas que me lembram do relógio do Quisisana. Há também a música e a oração antigas, com vozes que já não existem mais. O fim do dia (conforme o possível com esse horário de verão escaldante). É momento de paz. Depois posso ir nas Completas do Mosteiro de São Bento, às 19h30min. E aí sim a noite estará mais próxima. Tudo sem preocupação de tempo, trânsito, pessoas demais. É férias e é Vinhedo. Que bom minhas andanças pelo interior quando ainda morava em São Paulo. Conhecer rumos diferentes daqueles da metrópole. Sentar no mesmo banco da praça quieta do caipira. Desfrutar da mesma vista verde e respirar o mesmo ambiente mais calmo, pacífico. Os sinos e o trem são fantásticos. Mais o Mosteiro de São Bento que eu já frequentava no Centro de São Paulo. E a boa culinária daqui. As pessoas. A região. A natureza. E outras coisas, sensações, momentos. Devo ter acertado a mudança da Capital. Graças a Deus.

1.1.17

Oração a 2.017

Ano do futuro presente
Seus números acelerados espero acompanhar
Os desafios sejam concretos
Mas, a superação sempre espiritual
Para 2.018 ser amigo próximo
Passagem natural
Conto com a paciência
Também com o ânimo
O galo cante mais vezes aos meus ouvidos despertos
Monges celebrem comigo as vésperas
Família seja solidificada
Amor, saúde e harmonia
Ano belo ano seja todo ano
Amém