3.1.17

Idade da razão, Jean-Paul Sartre

"SE EU NÃO TENTASSE VIVER POR CONTA PRÓPRIA, EXISTIR ME PARECERIA ABSURDO."

Boa dica de leitura para as férias. Se gostar vale ler toda a trilogia: o segundo é o Sursis e o terceiro Com a morte na alma.
Os enredos são voltados ao existencialismo, grande teoria de Sartre. Existir, o maior e mais difícil mistério da vida. Mais: a que viver? Motivação, relações, a própria vida.
O primeiro tomo é leve, delicado. Cenas simples como o prazer de uma adolescente fitar as bolhinhas do champanhe. Os outros dois já são mais tensos e tem a temática da morte e da suspensão da vida diante de um grande acontecimento inevitável externo que se chama guerra.
Segue um trecho do primeiro romance:
"Isso de me conhecer não me interessa tanto assim - disse simplesmente.
Eu sei - atalhou Marcelle -, não é um fim, é um meio. É para libertar-se a si próprio; olhar-se, julgar-se: sua atitude predileta. Quando você se olha, imagina que você não é o que está olhando, que você não é nada. No fundo, é o seu ideal: não ser nada.
Não ser nada - repetiu lentamente Mathieu. Não. Não é isso. Escute: eu... eu gostaria de nada dever senão a mim mesmo.
Sim. Ser livre. Totalmente livre. É seu vício.
Não é um vício - disse Mathieu. É... Mas que quer você que a gente faça, então?
Estava irritado. Tudo isso, ele o explicara cem vezes a Marcelle e ela sabia que era o que mais lhe importava.
Se... se eu não tentasse viver por conta própria, existir me pareceria absurdo.
Marcelle tomara um ar sorridente e obstinado:
Sim, sim... é seu vício.
Mathieu pensou: "Ela me irrita quando banca a sabida", mas teve remorso e disse docemente:
Não é um vício; assim é que sou.
Por que os outros não são assim, se não é um vício?
São assim, mas não o percebem. (...)"

"SE EU NÃO TENTASSE VIVER POR CONTA PRÓPRIA, EXISTIR ME PARECERIA ABSURDO."

Insisto, vale a leitura. Abraço.

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