Bom livro. Recomendo. Romance que lembra os thrillers de Edgar Allan Poe. Final interessante. Seguem dois bons trechos da obra:
“– Um belo
futuro?... Olhe, meu amigo, até hoje ainda me não vi no meu futuro. E as coisas
em que me não vejo, nunca me sucederam.
Perante tal
resposta, esbocei uma interrogação muda, a que o poeta volveu:
– Ah! sim, talvez
não compreendesse... Ainda lhe não expliquei. Ouça: Desde criança que, pensando
em certas situações possíveis numa existência, eu, antecipadamente, me vejo ou
não me vejo nelas. Por exemplo: uma coisa onde nunca me vi,
foi na vida – e diga-me se na realidade nos encontramos nela? (...)” (Mário de Sá-Carneiro (1890-1913,
português), A confissão de Lúcio. São
Paulo: Martin Claret, 2006, p. 43, grifo do autor.)
“Mas este novo período de calma bem pouco durou. Em face do
mistério não se pode ser calmo – e eu depressa me lembrei de que ainda não
sabia coisa alguma dessa mulher que todas as tardes emaranhava.
Nas suas conversas mais íntimas, nos seus amplexos mais
doidos, ela sempre a mesma esfinge. Nem uma vez se abrira comigo numa
confidência – e continuava a ser a que não tinha uma recordação.
Depois, olhando melhor, nem era só do seu passado que eu
ignorava tudo – também duvidava do seu presente. Que faria Marta durante as
horas que não vivíamos juntos? Era extraordinário! Nunca me falara delas; nem
para me contar o mais pequenino episódio – qualquer desses episódios fúteis que
todas as mulheres, que todos nós nos apressamos a narrar, narramos
maquinalmente, ainda os mais reservados... Sim,
em verdade, era como se não vivesse quando estava longe de mim. (...)” (Ib id, p. 83, grifo do autor.)
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