11.12.16

Prólogo

Na música, no filme ou mesmo em histórias próximas de família. O desejo e a ação da mudança. Pessoas que deixaram sua terra natal, seus berços que não faziam mais sentido e partiram em busca de seus sonhos, de uma vida melhor, completa. Alguns conseguiram, formaram famílias. Outros ficaram pelo caminho.
É difícil mudar. O medo de dar errado e a esperança pelo dia de amanhã do jardim que já fora bom são poderosas forças de inércia.
Ocorre que muitos resolvem pelo novo. Essa turma da história, como você, refletiu também. Sopesaram os prós e contras, tremeram na base. Mas, não acreditaram na opção de ficar. A tentação pela nova chance, pelo recomeço separou eles da estrada. Foram.
O autor do texto já mudou. Não só de cidade. Relacionamentos, esportes, escolas, bairros, hobbies, coleções, cortes de cabelo, roupas, gostos culinários, saudades, sofrimentos, alegrias, trabalhos, estudos etc. Há mais fáceis que outras. Trocas naturais como escovar os dentes. Escolhas difíceis como a própria complicação. E ainda muito mudarei como é natural da vida.
Agora, vale pensar, há zonas de estabilidade. A natureza da planta perene. O imóvel conservado. A tradição da receita boa. As interações universais do homem social: amar, sofrer, querer, sorrir, chorar, sentir fome, sede, sono, frio, calor, afeto, amizade, honestidade, sexo, violência, crueldade, bondade, justiça, ambição, apatia, solidão, compaixão, fraternidade.
E por que uns estão longe dessas zonas fixas? Enfrentam o barco cargueiro, o bote à deriva, a mata úmida, a cerca cortante. Não só querem como precisam da mudança, para a própria sobrevivência. Refugiados.
Não sei. Há torturas no caminho que são intragáveis. E fazem parte do grande mistério que é a vida. Lugar de provações e desafios ou realizações e alegrias? Um dia saberemos, espero.
  Nossos personagens fictícios escolheram após reuniões e planejamentos a mudança para o terreno próprio arejado e com condições mínimas de sobrevivência. Ninguém os expulsou de casa de baixo de tiros, bombas ou foram forçados pelas devastações causadas por desastres naturais. Complicadas circunstâncias.
Bem, que bom vermos projetos de ajuda e colaborarmos. Imagine só as pessoas que recebem um refugiado para passar o Natal em sua casa? Diz esse projeto que já há trezentas famílias anfitriãs. Que bonito.
De novo aos nossos heróis fiquemos apenas com a ideia da mudança refletida. A outra não vivi e seria uma pretensão desarrazoada contá-la. (Compartilho a opinião de que só devemos escrever sobre o que nos é próximo. Mesmo os mais criativos ficcionistas registram só aquilo que acreditam. Senão, a narração fica inverossímil e o leitor perde o interesse. O fantástico não é sinônimo de divagação, há mais consciência do que possa por vezes parecer. Pesquisa, vivências próprias, suposições íntimas.)
Qual a mais trabalhosa mudança: a quista ou a forçada? Escolher é dureza. Geralmente só a primeira concede tal luxo. A segunda possui outras esferas de desafios, que não escolher. Não é da natureza do ser humano a auto-extinção.

Por fim, o prólogo deve ser sincero. Só queremos um momento de paz. Só isso. Se o texto lhe trouxer algo parecido cumpre sua missão. Essa criação deu-me muitos. E escrevo e publico para você, também. Não há para mim completude sem seu prestígio. Obrigado por ler. Espero que goste.


Confira.


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