27.8.13

Sobre a escrita II.



Escrever dentro de um ônibus em movimento não é mole.
Antes, escrever não é moleza. Não.
Escrever é registrar. Para quem escreve e para o mundo, literalmente.
Perante a globalização, os satélites e a comunicação de massa, uma folha de papel escrita pode voar por aí rapidamente.
Mas não é só. Ao escrever adentramos em um lugar íntimo de nós mesmos. Confrontamo-nos, nos próprio confrontamos.
“O dia está belo.” Quanto há nessa simples afirmação.
Podemos imaginar que estamos bem, felizes e contemplamos a beleza. Ou que buscamos um pensamento positivo, confortador, esperançoso. Ainda, que estamos sendo irônicos ou mesmo lacônicos.
Todos esses pensamentos podem vir em nossa mente quando escrevemos “o dia está belo”. É inevitável, pois precisamos pensar para escrever algo. É indissociável. E, ao pensar, tomamos contato com nossa mente, conosco.
Escreva e verá. Descubra-se. Revele você a si mesmo. O autoconhecimento é bom. Difícil, mas bom.
Ele nos abre portas para irmos além. Aqui mesmo, na Terra.

25.8.13

Formação do contrato.

Comentários, dúvidas etc.

XVI. Raul.




Umas músicas antigas do Raul Seixas, o rosto molhado, a vista do verde, morro, pela janela. A caneta, o caderno a tremer. Daqueles momentos, enfim.
O espaço relativo entre as pessoas. A liberdade duvidosa do dia. As letras, as músicas surpreendentes. O torpor do momento. A vida cor-de-rosa. As dificuldades e as pausas. Os momentos felizes. A busca de um caminho.
Nermo, no mais, passou a somente isso: sem referências, regras, continuidade. Um livro? Estava mais para o que sempre fizera, mantinha o espaço, a lousa branca, só. E, continuava, ele, maravilhado com os traços novos de tinta. Sempre surpresas instantâneas. Como gostava.
Dia ensolarado. “Eu sou a mosca que pintou para lhe abusar.” “Do seu quarto a zumbizar.”
Ótimo, pensou.
E, naquele dia, a tinta nem tanto fluía. Resolveu, então, parar. Como a Terra. 
“Sabia que o patrão também não tava lá.” Dá-lhe Raul! Toca Rauuul uuuu.

17.8.13

XV. Manhã.



Escrever. Escrever era importante para Nermo. Necessidade. Visceral.
E naquele instante, então, ele estava novamente em sua escrivaninha. Ouvia música e os sons da manhã: pássaros, o distante som de veículos, o amanhecer.
O céu, pelo menos o pedaço que via de sua janela, ainda por entre folhas de uma palmeira, estava com tantos fragmentos de nuvens bastantes para ainda mais embelezá-lo. Era azul bem claro e alaranjado no topo do morro. O laranja ia para lilás nas porções um pouco mais acima das árvores da montanha. Ah, o sol naquele dia nascia das árvores do cerro.
Nermo, assim, gostou de acordar nesse lugar e de escrever um pouco esse acordar. Havia escrito, afinal. Isso também outra coisa que gostou. Simples. Profundo. Nermo. Único. Palavras. Às vezes, era o que ele conseguia escrever. Palavras soltas. Que também marcam o papel e naturalmente registram, absorvem, transmitem informações e sentimentos –  tranqüilizou-se o bom Nermo que neste momento vamos conhecendo. Sempre.
Foi tomar café. Já era hora. Foi.

11.8.13

FELIZ DIA DOS PAIS (aos dois).



A Escrita MCP tem desejado muito escrever algo sobre a advocacia nesses últimos tempos. Mas, ainda não havia sentado (sim, ela senta, rs) para tanto (tamanha importância que essa ocupação significa em sua vida – sim, pois a Escrita MCP é viva – esperamos que viva muito).
Hoje é o dia. Muito bem.
O administrador da novel Escrita MCP é um advogado (que também engatinha na empresa da advocacia).
Ele tem muitas dúvidas, muitos receios, muitas dificuldades, mas tem se esforçado para seguir firme no artesanato dos causídicos do Brasil (é um artesanato – pergunte a um advogado a infinidade de caminhos que há no Direito e o tempo que ele tem para bem exercer sua função nas diversas situações em que é requisitado pelo seu cliente – só um artista muito criativo e inspirado mesmo).
Hoje. Pois, até que se chegasse hoje, ele teve que estudar a valer para entrar na faculdade de Direito que ele queria. Na instituição enfrentou percalços e, formado, a Lei (“Dura Lex, sed Lex.”) disse que ele, se quisesse ser advogado, ainda precisava passar por mais uma prova (um exame). Mais estudos, mais suor. Tudo bem. Ninguém morreu. Conseguiu.
Antes, fez estágios ligados ao Direito. Admitiu percepções sobre suas experiências e seguiu como advogado naquilo que mais lhe proveu.
Pequeno escorço (aprendeu essa palavra na labuta diária do gabinete). Vamos ao que interessa.
A advocacia é para quem tem pulmão que puxa muito ar, concentração de monge e nervos de um jatobá (você vai precisar deles fortes e por longo tempo). É um desafio. Vá lá gostar de desafios, rs.
É uma delícia, apesar de tudo.
Longa vida a ela e a todos os que acreditam e lutam pela sua valorização e persistem (não obstante a impressão de mais perder do que ganhar) nesse artesanato (insisto).
FELIZ DIA DOS ADVOGADOS.
Claro, como a advocacia não deixa de ser uma espécie de pai para mim (sem entrar na questão da profissão do advogado meu papai), FELIZ DIA DOS PAIS (aos dois).
E continuarei na luta.

10.8.13

XIV. Ler.



Sua amiga Lucélia (bela amiga, essa Lulu) já dizia: as coisas ficam mais claras ao clarear do dia, viva até ele. Grande Lu. Deve ter ouvido isso de algum autor desconhecido. Mais um provérbio chinês, haha. Chineses, seus Chineses.
E ficam mesmo. Bom dia, Dia.
Era manhã. Era mais um dia na vida do pequeno (como todos somos nesse mundão) Nermo.
Foi tomar café da manhã. Já era hora. Iria comer melão, pão com requeijão e um pedaço de bolo. E foi. Até o próximo parágrafo, meu caro.
Veja que nesse lenga lenga já se riscaram quase full 12 páginas.
Ah, pensava Nermo, escrever podia ser isso também, sentar e abrir a mente no papel. A coisa fluía com certa facilidade para ele. Pobre Nermo. Alguém agüentaria chegar até a próxima palavra nessa confusão de acontecimentos, metalinguagem – zona?!
Nermo, porém, não ligava. Escrevia, sobretudo, para ele mesmo. Ele agüentava reler. E pronto, bastava. Go Nermo, Go Nermo. –i– grrrrr
– I GO zzzzzz
(aliás, ele já tinha lido tanta porcaria até o fim, na esperança de aproveitar algo – como é a vida – por que outros não poderiam fazer o mesmo?!)