16.7.17

Resenha: Cegueira sem ensaio, de André Barretto. Publicação independente, Campinas, 2017.

Nada é impossível, já te disseram. Feche os olhos, confie. Agora, mexa-se. Não, controle-se e mantenha os olhos cerrados. A vida já é desafiadora. Imagine-se enfrentá-la sem poder enxergar. O choque inicial, os primeiros dias, a esperança de voltar a ver, a aceitação, a nova vida.
O livro conta como doze pessoas venceram o desafio da cegueira adquirida no decorrer da vida.
Relatos como o da mãe que esqueceu o rosto de sua filha mais velha ou de como outra personagem conseguiu seu primeiro estágio em uma grande empresa. André apresenta o progressivo "retorno" da visão daqueles que se tornaram cegos durante a vida.
Você sabia que o mundo dos cegos não é escuro? O cérebro continua à mil por hora e é capaz de criar imagens, mesmo sem luz. O odor, o som, o tato. Os sentidos potencializados.
A cegueira é sim uma difícil limitação, pois tão automático é ver. Mas, não é desculpa para abandonar os próximos passos. Histórias de casamentos, filhos, muito trabalho, esporte, independência doméstica e social, inclusive financeira.
A impressão das páginas é uma arte e revela esse caminho de descobertas de um mundo muito mais amplo do que você possa imaginar. A cegueira não é um fim, mas um outro começo.


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