A escrita é arte como as outras. Pega-se prática, firmeza e confiança nos movimentos. Caligrafia, gramática, leitura, experiências. Cópias, influências, um gato preto respirando forte ao lado – companhia do escritor. Jovens ainda – o gato e o escritor – mas estão aí. Um a escrever outro a tentar paciente não andar no caderno, não dar leves patadas na tinteiro. Conseguem. Dispersam, rodeiam, contudo, insistentemente, encarregam-se de suas bravas funções.
O gato é equilibrista. Sem
receios passeia por altos fios com agilidade. Pula, se agarra, cai de pé.
Quem se mete a escrever
tem algo de gato. As letras são finas, miúdas peças do mar de considerações,
vaidades, tensões humanas. O escritor é curioso igual ao gato. Quer saber como
é ver as coisas lá do alto. Para, posição segura de felino, as quatro patas no
chão – pontua. O texto é sempre a corda bamba. Não há meio de saber como nem
quando ventará, se algo assustará o gato e o equilíbrio se perderá. Por isso,
eles vão alto. Procuram suas musas e alimentam-se pelo caminho. Curiosidade,
coragem, pulgas e ventos fortes.
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