5.5.15

Leite achocolatado.

Há certo tempo quero escrever um texto “e se” para a melhora da humanidade. Vivo ouvindo (e concordando) que se queremos ser felizes precisamos buscar também a felicidade do outro. Algo como “amar o próximo como a si mesmo” e “não faça aos outros o que não quer que façam a você”. Ocorre que as ideias para os “e se”s não fixam muito bem na minha cachola. Tentarei. Afinal, outro ensinamento diz que é fazendo que se aprende.
Penso na reação em cadeia. “E se” 1, “e se” 2, “e se” 3 e assim por diante. Boas práticas que acarretam outras e mais e pronto. Resultados. Falta a ideia a ser espalhada. Não qualquer uma. “A” sacada, “o” movimento que dará a efetiva pulsão para a melhora significativa da condição humana.
Talvez isso não exista.
Em uma conversa desses dias me disseram que há um inconsciente coletivo pairando entre as pessoas. Um ato distante poderia ser vivido na mente de outro indivíduo – há milhares de quilômetros. Diz-se que tudo já foi pensado ou feito. Não há nada mais para inventar ou fazer. O ser humano já teria esgotado toda sua criatividade. Discordo.
Um “e se” fácil de imaginar (você já deve ter tido ele) é o do um real. Precisamos trabalhar (de alguma forma, tenha certeza), seguir o sistema social em que vivemos e, suados, recebemos uns trocados. E se um milhão de pessoas colocassem um real na minha conta bancária na mesma hora? Poxa, com certeza há assim tantas pessoas (talvez até na minha própria cidade) que podem dispor de um mísero um real para depositar na minha continha. Isso não acontece. E provavelmente não acontecerá. Por que? Usaria bem esse um milhão. Sou um cara legal. Esqueça.
Ok. Posso pensar em um “e se” mais altruísta. E se conseguisse reunir dez mil cidadãos dispostos a doar um quilo de alimento não perecível à instituição de caridade ‘x’? Isso já parece mais provável. Talvez alguém já tenha conseguido. Não sozinho (ou sozinho mesmo), mas com a ajuda de dez ou quinze pessoas influentes. Com o auxílio de uma boa causa, como salvar a vida de determinada criança ajudada por essa entidade ou com um outro digno chamariz.
As pessoas estão aí. Existem boas medidas de solidariedade e conquistas pessoais (desde que boas). Podemos achá-las (as pessoas e essas boas medidas). E, veja bem, não esquecer exatamente isso – que não poderemos ter contentamento sozinhos, mas com os outros. E eles, fazendo parte da nossa alegria, estão dispostos.
Talvez seja isso, afinal. Os “e se”s sim existem, contudo são, e sempre serão, coletivos e cíclicos – como a vida.
(Outra coisa que acredito é que a vida nunca será (nem perto disso) um grande mundo de faz de conta com ‘felizes para sempre no final’. Desencana, meu caro. Todavia, claro, podemos aplainar melhor as arestas da nossa santa cadeira. Pode começar. “E se eu desse bom dia para o mala do meu vizinho?” Boa. Essa era a ideia do texto. Sujeito inteligente você.) 


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