Há
certo tempo quero escrever um texto “e se” para a melhora da humanidade. Vivo
ouvindo (e concordando) que se queremos ser felizes precisamos buscar também a
felicidade do outro. Algo como “amar o próximo como a si mesmo” e “não faça aos
outros o que não quer que façam a você”. Ocorre que as ideias para os “e se”s
não fixam muito bem na minha cachola. Tentarei. Afinal, outro ensinamento diz
que é fazendo que se aprende.
Penso
na reação em cadeia. “E se” 1, “e se” 2, “e se” 3 e assim por diante. Boas
práticas que acarretam outras e mais e pronto. Resultados. Falta a ideia a ser
espalhada. Não qualquer uma. “A” sacada, “o” movimento que dará a efetiva
pulsão para a melhora significativa da condição humana.
Talvez
isso não exista.
Em
uma conversa desses dias me disseram que há um inconsciente coletivo pairando
entre as pessoas. Um ato distante poderia ser vivido na mente de outro indivíduo
– há milhares de quilômetros. Diz-se que tudo já foi pensado ou feito. Não há
nada mais para inventar ou fazer. O ser humano já teria esgotado toda sua
criatividade. Discordo.
Um
“e se” fácil de imaginar (você já deve ter tido ele) é o do um real. Precisamos
trabalhar (de alguma forma, tenha certeza), seguir o sistema social em que
vivemos e, suados, recebemos uns trocados. E se um milhão de pessoas colocassem
um real na minha conta bancária na mesma hora? Poxa, com certeza há assim tantas
pessoas (talvez até na minha própria cidade) que podem dispor de um mísero um
real para depositar na minha continha. Isso não acontece. E provavelmente não
acontecerá. Por que? Usaria bem esse um milhão. Sou um cara legal. Esqueça.
Ok.
Posso pensar em um “e se” mais altruísta. E se conseguisse reunir dez mil
cidadãos dispostos a doar um quilo de alimento não perecível à instituição de
caridade ‘x’? Isso já parece mais provável. Talvez alguém já tenha conseguido.
Não sozinho (ou sozinho mesmo), mas com a ajuda de dez ou quinze pessoas
influentes. Com o auxílio de uma boa causa, como salvar a vida de determinada
criança ajudada por essa entidade ou com um outro digno chamariz.
As
pessoas estão aí. Existem boas medidas de solidariedade e conquistas pessoais
(desde que boas). Podemos achá-las (as pessoas e essas boas medidas). E, veja
bem, não esquecer exatamente isso – que não poderemos ter contentamento
sozinhos, mas com os outros. E eles, fazendo parte da nossa alegria, estão
dispostos.
Talvez
seja isso, afinal. Os “e se”s sim existem, contudo são, e sempre serão,
coletivos e cíclicos – como a vida.
(Outra
coisa que acredito é que a vida nunca será (nem perto disso) um grande mundo de
faz de conta com ‘felizes para sempre no final’. Desencana, meu caro. Todavia,
claro, podemos aplainar melhor as arestas da nossa santa cadeira. Pode começar.
“E se eu desse bom dia para o mala do meu vizinho?” Boa. Essa era a ideia do
texto. Sujeito inteligente você.)
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