12.5.15

Jorge usa óculos.

Jorge usa óculos daqueles com o barbante de segurança ou de apoio no pescoço. Não tira muitos seus óculos nem os deixa cair. Acha o barbante bonito. Cara de escritor, gente séria.
Ele também gosta de usar chapéu panamá. Comprou para proteger sua cabeça do sol. Se pudesse usaria um chapéu mexicano. Aquele com as abas enormes. Contudo, exerce certa profissão mais séria que ele. Mais solene que seus óculos de barbantes. Só um pouco mais nessa última comparação.
Ainda, o mesmo Seu Jorge, usa barba. Barba jovem é verdade. De falhas novas, bagunças desconhecidas. Não harmoniza muito bem o crescimento dos pêlos com as donas tesouras e lâminas de barbear ou com o senhor barbeador. Embora, a sua mulher já tenha insistido e até certa vez cortado algumas pontas que entravam na boca dele.
Também outras coisas, porém as mesmas ideias.
Jorge mora na lua, diz o trecho da música. Esse não, se bem que gostaria de passar umas férias lá. O cara é apenas romântico. Com ele mesmo. Pensa que se se imaginar duende na Duendolândia realmente será esse ser fantástico. E é.
Somos todos.
Por que criar um itinerário para o trabalho e permanecer nele, sem quaisquer mudanças, durante anos? Desculpe-me (diz Jorge), mas tô fora. Se carro, ônibus, se bicicleta, a pé, se avião, barco, se cordas, pontes, se aquilo, aquiloutro. O homem veio para inventar, reinventar e destruir. Para inventar de novo. E de novo. Mudar.
Ah, não gosto de mudanças. Aprecio minha cadeirinha no meu gabinetinho, daquela minha cidade queridinha. Nããão. Jorge quer conhecer mais. Acredita que haja mais. Então, lê, relê, escreve. E não se contenta, mas tenta.
Jorge usa óculos.

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