O homem, racional, parece
se distanciar cada vez mais do que chamou de natureza. Poluição, devastação das
florestas, produtos artificiais, grandes cidades.
As advertências constantes
da extinção da espécie, a continuarmos nosso modo de vida, surtem pouco ou
nenhum efeito na consciência humana. O esforço do sustentável falha. Não
queremos dispor do conforto moderno.
Entretanto, a preservação
do ser vivo bípede dotado de razão continua. Apesar das dificuldades nascem
bebês. A taxa de natalidade mundial está longe de sofrer qualquer tipo de
controle generalizado e, assim, qualquer forma de retração significativa.
Reproduzir, em regra, é
natural. Basta o encontro da fertilidade com a copulação. Nove meses depois mais
um ser humano.
A questão a ser enfrentada
aqui é quão normal é a gestação para nossos semelhantes. Por conta desse distanciamento
da natureza (somos e ela é – são dois), ter ela no ventre é algo desconectado
do cotidiano. Não parece natural, é diferente de tudo, não soa humano.
Escrevo, aliás, como pai.
A mãe, porém, ao meu lado, confirma. A maternidade tem começo, meio e a espera
pelo término, abstrato, é surpreendente. A natureza bate na porta, entra e não
deixará os cômodos do homem.
Todas as conquistas
tecnológicas, as descobertas científicas, a história, perdem muito seu sentido.
A gestação, única, é desconectada do homem. Pede licença, paciência, força e
fé. Esperança de novo entendimento entre humano e natureza. Volta da unidade.
Do natural. Do normal. Do princípio.
Acima de tudo, não somos
filhos, nem pais. Somos a própria natureza. Façamos as pazes com ela.
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