O balcão é frio. O
julgador é técnico. A vida é longa. A praia é morna.
O convite do escritor vem
simples: escreva. Prazo, estilo, molde, conteúdo. O trabalho-prazer, o
tempo-proveito. Não é assim.
Escrever hoje é fácil.
Quero, procuro, passo a ideia em tinta. Transformação. Amanhã, não. Gostaria de
caber em livro maior, com superior tiragem, mais publicidade. Usufruir.
No entanto, o suor nasce
dele mesmo. Começo. Caneta, papel, reflexão, paixão dosada. Dúvidas. Componho.
Releio, corrijo, reviso, risco, insiro, mudo. Desisto, recomeço. Outro dia.
Negativo. Na mesma hora.
A palavra vem. Sozinha.
Com conectivos, fraseada, pontuada para mais para menos. Estudada.
Enfim, escrever não é tão
difícil. O desafio é outro. É o outro. O texto nasce morto. Engavetado tem
pudores. As campainhas silenciam, o verbo apodrece. Publicar é divertido.
Por isso, escrevemos sim
todos os dias. Falta-nos coragem. Teimosia da hora “perdida”, dos olhos
cansados, da tinteiro entupida.
Terminei. Não sofri tanto
assim.
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