25.9.14

Ficha de personagem - O conto virá em breve.

Ficha do protagonista

Nome: Nuvem rosa.
Apelido: 
Boquinha.
Data e local de nascimento: 
3/6/2014; quintal do Zé.
Sexo: 
Menina.
Etnia: 
Das solitárias.
Classe social: 
Alta.
Altura e peso: 
1.200m em relação ao nível do mar; 270 Kg.
Estado civil: 
Solteirona.
Escolaridade: 
Todas, desde que o mundo é mundo.
Religião: 
Das de cima.
Extrovertido ou introvertido: 
Introvertida.
Profissão: 
Criadeira.
Passatempo: 
Criar surpresas.
Prato preferido: 
Transpiração da alfazema.
Fale um pouco de sua mãe: 
Normal. Puxões de orelha, beliscões e delicadezas.
Fale um pouco de seu pai: 
Severo. O melhor é esse caminho, minha filha, senão corto sua mesada.
Tem irmãos? 
A perder a conta. 
Grande amor de sua vida: 
O Zé.
Quando perdeu a virgindade: 
Dia 27/6/2014. Confusão, tarde quente, céu baixo.
Um problema de saúde: 
Cadê o Zé? Depressão.
Maior virtude: 
A coragem.
Pior vício: 
Zé.
Um segredo inconfessável: 
Háh, e acha que vou contar?!
Acredita na imortalidade da alma? 
Quantas perguntas, quantas perguntas. Próxima.
Acredita em civilizações extraterrestres? 
Próxima. (Não posso falar sobre essas coisas, sabe como é, né?!)
Frase predileta: 
Oooooh, Zé?! Ooooooh, Zé?! (Risos.)
Outros dados importantes: 
O horizonte é o limite, mas não é.
Quem ou o que é seu antagonista? 
Céu baixo.
Quando e como morreu: 
Humidade, choque, mais choque, bum, cabum e por aí vai.

19.9.14

Formigas.

Versado de beijos não sou
Pé de valsa queria ser
No forró o pescoço suou
Dei lá um de merecer

Ela nem tchum
Fiz então uns versinhos
Não ganhei sequer um
E sim meus sinhozinhos

Sou servo
De vocábulos distantes
Que se encontram de modo torvo
Mas que dizer, se assim são os principiantes?!

Por isso aqui findo
Não sem antes beijá-la
Na bochecha formigas sentindo
Não na minha ou na dela, mas na que valha.


17.9.14

Tec tec tec tec

Não costumo acompanhar a velocidade e os sons do teclado vizinho. Enquanto as minhas caminham em galinheiro, as dela no campeonato mundial de ping pong.
Não fiz curso de datilografia. Quando nasci a máquina de escrever já era volume incômodo de armários. Curioso, cheguei a bater duas, três letras –, só. Logo sentei em frente ao teclado do computador, como agora.
Nesse caminho, também de muita esferográfica, aprendi a catar o ‘a’ com o mindinho, o ‘i’ com o dedo do meio, o ‘m’ com o indicador. E já olho bem menos para o teclado do que antes.
Mas, mais do que técnica, teclar, acredite em mim, envolve calma. Observe o seu colega, a sua coleguinha. São calmos? Não são. Têm a sua idade, não são datilógrafos e digitam melhor e mais rápido do que você. São muito estressados.
Aconselho, então, que você mantenha a serenidade. Não tente ser mais rápido, “melhor”. E que continue buscando as letras com os dedos, não faça igual à animação internética do bonequinho que, cansados os polegares, anelares etc., incitou os capilares (já viu?).  
Sim, é questão filosófica, meu caro. Sei que você bombou essa matéria na facul (eu também), mas todos temos que enfrentá-la dia desses.
Enfim, como dizia, a pessoa ao lado digita e você quer teclar mais rápido do que ela, confesse. Dessa batalha silenciosa – nem sempre –, você deve fugir. Se possível, ouça musiquinhas no fone de ouvido e busque concentrar-se mais no trabalho do que no teclado ao lado.
Sei que é difícil, sei que é difícil. O adjacente (é esse o nome que ele merece) irá provocar, correrá cada vez mais veloz pelas malditas letras pintadas em plástico sem graça. Irá arrancá-las e trocá-las de lugar, mas tudo bem. Você manterá a calma (lembra dela, lá em cima?!), normalizará o caos e – escreverá mais devagar do que o filho da mãe. E tudo bem.
Porque você não é, eu não sou, ele tampouco, nós, vós, eles, dedos atônitos, antes maníacos por dedilhados – seja lá o que isso signifique. Tec tec tec tec tec tec  

12.9.14

A musa.

A minha musa. Não tem relação com poesia, futebol ou pintura. Permanece estática quando me afasto. Se aproximo, ela foge. Se longe, saudade. Perto, nos estranhamos. Terminada a obra, ficamos bem. E não me apareça mais por aqui. Apareço. Venha, minha querida. Volte. Me dá uma mãozinha aqui. Ela dá. Pelo menos, penso que sim. Até acredito que ela goste de mim. Ela diz que não. Alguém já disse: se a inspiração vier, que me encontre trabalhando. Pronto.

Compromissos. Todos.

Todos os compromissos que me meto a cumprir. Domingo a domingo. Trabalho, família, amigos, esporte, leituras, escrita, espiritualidade, macaquices, outros.
Começa a semana, em poucas horas. Em menos, muito menos, novos compromissos. Dio mio. Arranja de cá, mexe de lá, ainda temos o mês.
Mês imenso, penso eu. O mês passa. Pouco fiz. Ah, ano bom, ano longo longo. Ixe, ficou para o ano que vem.
E vem? Vem, se Deus quiser. Veio. Certo, mas por que fazer hoje o que posso deixar para amanhã. Amanhã, se posso deixar para depois? Posso? Posso.
E vinte e nove anos seguidos (claro, já viu alguém pular aniversário? tem todo ano, é batata). E um exponencial de compromissos, bons e ruins e mais ou menos.  
Porém, não adianta reclamar. A primeira linha (que comecei há alguns dias, mas parei no meio, por conta de outras tarefas) resume: eu escolho. Os programas agendados na minha vida, hoje (e sempre, diria), só dependem dos meus interesses, das oportunidades (que busco) e da minha disposição.
Por isso escolhi continuar. As palavras, os pensamentos, as horas, o volume do som de Robert Nesta Marley, o Bob, e as escolhas – todas.
Escolha você também.


2.9.14

Tempo po po po.

Passe tempo, passe, faça o que você sabe fazer. Pois, eu faço, por conseguinte, o que me cabe, corro atrás de você. Sempre à frente, assim, tu vais. Oh tempo tu voas, tu passas muito é rápido, muito é depressa. Que tanta pressa é essa? Desacelera meu caro. Dê tempo ao tempo. Hehe, tempo seu grande camarada misterioso. Me contas vai. Me contas como te driblar. Como que harmonizar contigo. Como que de bem comigo. Oh tempo seu egoísta. Tu escolhes o que queres e assim é que é. Diteis o que vos bem entendeis que então de bem devereis por fim aconteceis. O Seu Tempo crescido já velho tempo. Sereis único? Tereis semelhantes? O que pensas dos relógios? Estes senhores de infinitos servos, súditos, escravos, dependentes, submissos e eternos racionais. Quem te crias? De onde surges? Por onde vão seus domínios? Oh tempo, oh semelhança reflexa do dia e da noite e da noite de outro dia que por entre tardes faz semanas que meses por anos que décadas, séculos, milênios, tempos, eras, tempo. Velhos e novos tempos. Então sereis vários? Diferes de hoje o que foi ontem? Dizeis que amanhã um novo dia? Ontem já passou, hoje que venha. Tudo passa? Tudo vem. Tudo mudas. Mudas crescem. Tempo, oh meu caro Tempo. Tanto que escrevo no tempo que tenho para tanto. Mas, que tempo que nada que tenho não passa do tempo que tenho para algo, pois que passa que logo acaba e tenho que novo tempo para que venha outro tempo para que passe em outra coisa. Então que tempo que é esse que tenho se que passa e que tempo outro vem e que passará como que sempre passa e de novo que novo virá e passará? Tempo nenhum então tenho pois que se fosse meu meu seria mas se passa e nada há que tenho que possa eu tentar ter meu tempo então nada e nada como eu pode nadar para enfim tentar alcançar propriedade além do que se tem a nado. Tempo então, oh tempo então então corras faças o que é que tenhas que te fazer. Eu, meu caro Tempo, farei que há de fazer, pois o que qualquer que eu faça, tempo me resta e se me resta faço.


1.9.14

Suspensão.

Já pensou que às vezes a vida parece suspensa?
Domingos sem compromissos, sem cansaço e sem cinema são assim. Tudo suspenso, até mesmo a vida.
Segunda-feira. Semana. Outro domingo. Mês. Ano.
Estabeleço uma meta. Agora sim, agora sossego. A meta é conquistada, escolho outra. Conquisto.
Gostaria que o tempo não fosse tão incômodo.
As horas, os minutos e até os segundos conversam comigo. Faça isso, aquilo, agora. Não perca tempo. A vida é curta.
A vida é curta. Essa é boa, essa é boa.
A existência cobra. Talvez essa seja melhor.
E cobra mesmo: arrependimentos, frustrações, derrotas.
(Também recompensa: alegrias, vitórias. Mas não conte para ninguém – positividade não dá ibope.)
E a suspensão, a perceptível suspensão?!
Repare. E repare na tensão. Infinitos estímulos, previsões, sensações, pessoas. Confusões de caminhos, de escolhas, de oportunidades. Como se estivéssemos sempre à espera. À espera de que?!
Se não centrarmos no nosso ideal e confiarmos em nós mesmos, catapéin, já era. Desespero, aflição, dúvidas.
Então, concentre-se. Atenção. Não suspenda isso. As outras coisas sim. Afinal, é só fantasia sua (e minha) – a vida é contínua.

Viva. O resto virá, você queira ou não.