"Há quase sempre alguma coisa impalpável e misteriosa no seio dos acontecimentos, que conspira contra as conspirações, mesmo quando essas vêm de cima para baixo." Rui Barbosa (1849 - 1923) (1)
Grande frase de Rui Barbosa. Figura notável desse Brasil. Vale buscar sua biografia.
Não é sobre ele, porém, que quero escrever (dessa vez). Mas, sobre a minha ideia da frase, mesmo que possa ser diferente da original (mais política-social, creio).
Penso num viés filosófico dela.
Os acontecimentos. Que são eles? Mais que impalpáveis seios, imprevisíveis. Buscamos algo, conseguimos outra coisa, talvez o que estivermos precisando, como cantam os Rolling Stones, na música You Can't Always Get What You Want ("but if you try sometimes, yeah, you just might find you get what you need"). (Ótimo som, aliás.)
Não temos controle (nenhum) sobre o próximo passo. Dependemos, sim, de nossas escolhas que, por sua vez, nos direcionam a certas tendências. Só. Tudo além disso é palpite, esperança, construção.
Não sabemos da hora da partida, da certeza (que certeza?) do sucesso (embora cante Raul Seixas: "o caminho do risco é o sucesso"). Contudo, vivemos. E, pouco ou nada pensamos sobre tudo isso. Afinal, não há muito o que se concluir.
Portanto, e é isso que queria trazer, a vida pode parecer sem graça e triste, porém, não é. Justamente por causa dos acontecimentos. São tantos e, porque inesperados, alegres. Vêm sorrateiros e pesados, nos alteram o senso, modificam caminhos. Sobretudo, servem para a evolução. Esta, talvez, a resposta de estarmos aqui.
Força. Coragem.
Viva, caro. Vale a pena. No final, que chegará (disso, parece, há certa certeza), (não sei o resto da frase – isso não é legal?)
Fui (maneira de dizer, haha).
(1) Obras Completas, Vol. XVI, Tomo VII. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1949, p. 87 in Miguel Matos. Migalhas de Rui Barbosa. Vol. I - 1ª ed. São Paulo: Migalhas, 2010, migalha 281.