3.1.14

O que te faz acordar todos os dias?


O ruído dos automóveis? Do galo?
O ritmo biológico do seu corpo?
A claridade do dia?
O despertador?
A sua mãe?
A fome?
Tudo isso e a vontade de vencer o campeonato?
A ansiedade pela prova de química?

A vida, ora, o que mais seria?

Não.

O ritmo langoroso do tango nos dá a pista. Já ouviu Astor Piazzolla? Ouça: https://youtu.be/QCwvnyh03Ss (se puder, escute também as outras faixas desse disco, Libertango)
Há algo no som do bandeneón de Piazzolla. Não são apenas notas musicais preguiçosas e longas, longas.
Entre a hora de dormir e acordar e a de acordar e dormir e até a de dormir para todo sempre (ressalvadas as opiniões contrárias), vivemos.
O ato de acordar pela manhã é universalmente praticado por diversas espécies vivas, que não só o homem.
Necessidades biológicas, ansiedades, desejos, podem ser as primeiras nuanças dessa atividade cotidiana. Mas, não são o que a movem.
Você, eu, o animal de estimação, a planta, levantam porque somos parte de uma partitura de música sincopada. Lá e cá são embaralhados os sons e substituídos os ritmos. Resultado: você precisa acordar.
Se você não acordar (ser vivo), seu companheiro do lado também não acordará, nem aquele do quarteirão de baixo e assim por diante.
Acredito na conjuntura. Ela, que há incontáveis momentos pretéritos, nos trouxe até aqui por certos motivos. Um deles é acordar.
Por isso, veja se acorda. Afinal, como dizem (repito: salvo idéias diversas), quando morrer você terá toda a eternidade para dormir.

Aquele abraço. 

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