– Que coisa. Como ele
pode gostar disso?
– Não acredito que ele
fez aquilo.
Já ouviu? Já falou
(mesmo que mentalmente)?
Com certeza.
O que talvez não tenha
imaginado é que você é muito (muito mesmo) parecido com “o que gosta disso” e
com “o que fez aquilo”.
Somos diferentes uns
dos outros por tão pouco. Pouco mesmo. Cerca de quase nada. Se quiser
porcentagem, seria como iguais em 99,9999999999...% ao cara que está ao seu
lado.
Não me refiro apenas ao
corpo humano (das necessidades fisiológicas mais básicas como cagar – a
correção automática do Word sugere que eu troque por “defecar” –, mesmo que ele
tenha, às vezes, que fazer mais força que você, até às mais complexas, como
raciocinar e tomar decisões), mas também às virtudes e às necessidades
espirituais, existenciais e de afeto.
Há, sim, abismais
diferenças culturais entre os seres terrestres. Encontramos os chamados “maníacos
psicopatas assassinos sem vergonha e sem caráter etc.” ou aqueles “pacifistas
geniais de uma alma plena, boa e sincera”.
Então, como dizer que
entre um e outro há muito mais semelhanças do que diferenças?
Todos os adultos já
foram crianças, adolescentes e jovens. Foram ajudados e ajudaram; amados e
amaram; criados e criaram; conhecidos e conheceram; ouvidos e ouviram; vistos e
viram.
Antes de tomar uma
decisão importante, outros tomaram muitas por nós.
Ao escolher
conscientemente um alimento ou uma bebida, tanto já havíamos comido e bebido.
Alimentados, principalmente.
Aonde quero chegar?
Que somos influenciados
pelas pessoas das cercanias, não tenha e não tenho dúvidas. Seus costumes,
caminhos e canções são direcionamentos potentes.
No entanto, e finalizo
a reflexão, mais do que influências externas, somos feitos da mesma matéria
orgânica e cósmica (o carbono, substância de que somos feitos, é a matéria mais
simples e que está presente em todo o Universo) e vivemos muito próximos e
confinados em um planeta redondo de parca camada de atmosfera respirável para
sermos mais diferentes do que parecidos.
Pois, enfim, a
conclusão é que – acredite – Jesus também fazia cocô (palavra para “Adicionar
ao dicionário” da correção automática do Word. “Cocô”, não “Jesus”, claro. Então,
“clic”.).
Releitura de trecho do
ótimo livro “A insustentável leveza do ser”, de Milan Kundera. Leia. Irá
gostar.
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