29.1.14

XLII. Blank, e XLIII. A Parker 51, novamente.

XLII. Blank.

Página em branco. Inteirinha. À espera do sabor-ser amargo da tinta.
Nermo, eu, enfim mudamos. Já há quase um mês que não tenho a vista do morro encantado e o canto regular matinal do joão-de-barro. Há, sim, outra vista, outros cantos de outros passarinhos, como foram os anos de que aqui vai se encerrando essa canção. I, II, III, até XI anos, cinco meses e já treze dias. Ou doze. Por aí.
Da empresa não tenho muito que dizer. São palavras, desenhos, colagens e folhas entre páginas. Esperanças, lembranças, andanças, mulheres, desabafos, poesias, sóis, rabiscos, caras, listas. E como gostamos de listas, bem disse e observou e demonstrou Umberto Eco, no Confissões de um jovem romancista. E como a Parker 51, do vô Remo é gostosa. Que beleza.
Leite, cereal, banana, granola, água, ameixa, beijo, escova de dente, pasta de dente. Quanta coisa na boca pela manhã. Durante o dia, mais.

XLIII. A Parker 51, novamente.

Capítulo quarenta e três. Faltam esse mais dois. Até lá, divirto-me com o traçado maneiro da caneta tinteiro. Sua escrita é, quando se pega a prática, mesmo mais fácil e gostosa do que a esferográfica  acredite se quiser.
Em respeito aos outros quarenta e dois capítulos, se é que merecem, continuo a discorrer (e correr) com mais essa história.
2008, 2009, 2010, 2011, 2012, ufa, 2013 e, hoje, desde o Dia da Confraternização dos Povos, 2014. Digo que nem preciso sorver da fonte dessa vez (para não dizer que estou com preguiça e não agüento mais essa tal de “Em ritmo” na minha frente, que de ritmo não tem nada ou, se tem, é tão particular que até José Saramago e seus eternos parágrafos franziriam a pele da testa), pois frescos são todos esses anos.
Por coincidência, ou não, levaram-me à cadeira na qual agora sento e como uma sopa quente de legumes em pleno verão de 30 graus para cima, em alta noite. Ainda não toquei na sopa, porém. As palavras estão a fluir così bene que fluem, e o calor realmente é tantis que gotas vão pelas têmporas apenas pelo rápido movimento da ponta de ouro da velha, eficiente e calorosa Parker 51.
Por agora é só. Ai, ai, que venha a sopa.

                                                                                       MCP

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