Em quanto tempo se
conta uma história? Horas? Dias? Meses? Anos?
O que é uma história?
Acontecimentos? Personagens? Suspense? Aventura? Reviravoltas?
Só sei que essa
história é lenta. Não tem pressa. Nas pautas, nas linhas, vagarosamente ela se
arrasta. De vez em quando.
Dias ou outros, eis seu
narrador-personagem de volta a tecer descrições, novos personagens, bagunçar,
historiar. E, quem sabe, ao final dessas páginas, uma história surgirá. Quem
sabe? Ele não sabe. Não, não. Mas, escreve. Hoje, ontem e amanhã pretende,
pretendeu, escrevinhar. Escrevinhou. Linhas preencheu. Idéias no papel branco
com pautas registrou. Assim é, sempre foi assim, assim será.
Dia de sol, domingo de Páscoa. Nermo estava bem. Boa saúde, tranqüilo com a vida. Apreciando a vista
da janela. Ah, e que vista. Um lindo céu azul em contraste com as árvores
verdinhas cravadas no alto do morro. Algumas casas e um som forte, constante de
cigarras. Muitas cigarras.
Ele já havia comido
muito chocolate, mesmo antes do domingo. Quando era pequeno tinha que
esperar para ganhar ovos de chocolate. Crescido, não mais.
Ainda ia para o almoço
com a sua família e a família da prima, a Gertrudis. Gostava da Gertrudis. A
família dela era bacana também.
Era isso. Promessa de
um belo domingo de Páscoa. Mais um. Seu vigésimo sétimo, por certo.
Não estava com muita
inspiração, ânimo, disposição para escrever, é verdade.
Foi.
MCP
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