20.9.13

ODE (OU BODE) AO (DO) TEMPO.


2.7.2013
Vida. Tempo. Sono. Compromissos espontâneos. Voluntários. Escolhidos por mim. Sim. Não é de outro jeito. Escolhemos. Fazer isso ou aquilo. Comprometemo-nos hoje, amanhã, dois dias, uma semana, meses, anos, por tempo indeterminado. Vai que vai. O ônibus que passa em cima das oscilações do pavimento, e, por cima das vicissitudes do viver, eu.
Escrevo, porém. E isso, de alguma forma, me conforta. Ao menos, nisso acredito. E pronto.
E o tempo? Ah, seu Tempo. Ah, se eu te pego, rs. Não dá. O tempo escorre por entre os dedos. Pego ele não. Só posso andar ao seu lado. Nem atrás, nem adiante. Tudo que faço agora pensando no futuro (de nada adianta fazer algo pensando no passado – não posso mudá-lo) dependerá do futuro, da passagem do tempo, da espera. Pura angústia. Tormento. Estresse. Não. Nem sempre. Não é esse o pensamento. “Se me diz que chegará as três, desde as duas estarei te esperando.” Grande Saint-Exupéry, o autor do clássico “O pequeno príncipe”.
Quando digo que não podemos andar adiante do tempo, penso que não posso tomar banho de lua cheia se a lua cheia só surgirá no firmamento em uma semana. Tenho que esperar essa uma semana. Ao revés, não poderei mudar o que aconteceu, o passado, acabado, perfeito. Foi. “Um tempo bom que não volta nunca mais.” Diz Thaíde em uma música.
O tempo é agora, enfim.
Mais: o tempo é perceptível. Sim. Sei que trafego nele. Vejo o dia raiar e, em seu final, findar com a achegada da noite que terminará dando ensejo a novo ciclo natural dos trópicos. Das 00:00 às 23:59 tenho um dia. Um novo dia. Perceptível. Descritível. Hoje choveu, fui em tal lugar, encontrei fulano, não fui ao trabalho, vi um morcego, comi jaca, dormi oito horas e cinqüenta minutos (ah, estou precisando). Posso descrevê-lo, mas, e aí se inicia, novamente, a velha questão singular e “amazing” que impressiona, mexe com a gente: a vida é o tempo.
O tempo é a vida. O tempo, chuf, passou. Tempo, vuuuuf, transcorreu. A vida, zusf, passou. Vida, zissssfi, encurtou. Issssstim, cheguei em Vinhedo. A vida, como o tempo, passa. Percebemos ela, veja bem, como percebemos o tempo.
Fica nisso. O momento para a vida é um mistério. Que dirá de amanhã? Do amanhã?
Podemos planejar, não podemos ter certeza da consecução do plano, porém. Senão não seria plano, é claro. Mas, um fato, uma certeza. Não. Não há isso nas escolhas humanas. Claro, há probabilidades. Só. Contudo.
Aí paramos (no tempo, claro) e pensamos: what a fuck, carai, vivo, estou vivo, logo vivo, estou vivendo. Podemos isso perceber. A questão é: ok, vivo, porra, que legal, que interessante. Fica nisso (novamente). Nada além. Não há conclusão. Não há resposta. Nada. Nadinha de pitibiribas. Neff. Nicas. None. None sense. What a fuck, enfim.

Era isso. O tempo e a vida são conceitos impróprios. Inspiram as mais diversas e misteriosas divagações. No fim, porém, não se chega, pois esse ponto já não é mais a vida, já não é mais o tempo. Não obstante, seja um lugar que só o tempo e a vida nos levarão.
Aguarde, meu caro.
Até lá, confesse, como o filósofo, que “só sei que nada sei”.
Se quiser escrever qualquer coisa sobre isso, pode.

MCP

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