Incrível como nossa língua é rica. Ainda mais evidente
quando Vitor Ramil usou criatividade e conhecimento gramatical para escrever “A
primavera da pontuação” (São Paulo: Cosac Naif, 2014). Livro saboreado e desvendado
aos poucos, que reúne inúmeras menções literárias, linguísticas e históricas em
meio a uma trama envolvente. Vale acompanhar com atenção os felizes trocadilhos
cuidadosamente lapidados pelo autor durante a saga dos protagonistas ‘Palavra-Caminhão’
e ‘Ponto’, que mais tarde, por motivos semelhantes, trocarão de nomes. Leia que
é bom.
“Em meio ao pânico provocado pelas notícias dessa
fuga em massa, cometeremos o primeiro atentado, cujas vítimas serão os verbos
que fazem flexões aos sábados no Parque Central. (...) De quebra, daremos
início à nossa cruzada contra os arabismos e algarismos arábicos, já que
realizaremos a ação de modo a fazer deles os principais suspeitos.” (p. 57)
“O atentado contra os adjetivos uniformes fez os pais
segurarem os filhos em casa e as instituições de ensino fecharem as portas,
principalmente depois que dois pretéritos imperfeitos foram considerados os
dois suspeitos do crime.” (p. 97)
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