Luigi
estava incomodado. Não sabia de cor as Capitais dos Estados Brasileiros,
tampouco os Estados, se Estados ou Capitais.
Não
tinha pretensões de decorá-las, mas gostaria de saber. Muitas vezes isso
acontece, querermos algo pela metade –, se conseguirmos, ótimo, senão, tudo bem
também.
Salvou
o mapa do Brasil como fundo de tela do seu computador do trabalho. Não
adiantava. Conferia as Capitais e elas logo fugiam (se é que encontravam) de
seus neurônios de decorar.
Outras
demandas. A tabuada, o abecedário etc. Nada disso importava muito para ele. A,
B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, Y, U, W, V. “Será?”,
pensou. Desastre, como sempre.
Porém,
Luigi gostava, vejam só, de escrever. Escrevia em cadernos espalhados pela casa,
desde cedo.
O
dia era como muitos antes. Evitava consumir, talões de cheques, cartão de
crédito, pensar no futuro distante. Alegrava-se com passarinhos cantando, com
as cores do amanhecer e do entardecer. Belo dia de inverno. Contrastes vivos
vivos das araucárias com o laranja do último horizonte do dia.
Próximo
de 10 anos de conquistas pecuniárias, Luigi pensava em suas capacidades e
naquilo que esperava hoje e nos próximos tempos. No caminho, por vezes,
pessimismo e baixa autoestima.
Iniciativas
de mudanças, as próprias realizadas, julgamentos sobre elas. “Não deveria ter
mudado –, que erro. Fui ansioso demais.”
Esses dias, contudo, conversa sincera, a
palavra coragem foi novamente apresentada a ele. Ele adora esse vocábulo. ‘Coragem.’
“Você é corajoso.”, disseram. “Sou?”
Ele
é.
Corajoso,
enérgico, por viver com simplicidade. Pela vida simples que leva. Por mudar,
arcar e sorver os desafios esperados ou não. Arrisca. Não segue muitas regras,
a não ser as dele, que muda constantemente. “Afinal, se eu não sigo as regras,
as regras não me seguem.”
Não
gosta de carros, de novas tecnologias da moda, da maioria. “Do contra”, só para
contrariar, argumentos até desgastar o sujeito –, ele não. Sonha com a vida
monástica ou de caseiro ou de atendente de floricultura ou de militar ou de jornalista
ou de monge porta-voz jardineiro vigia.
Não
sabe, entretanto, o que é vida simples. Talvez a dele, por ele julgada. Mas,
com simplicidade, ignora a tabuada, o abecedário, as Capitais dos Estados
brasileiros. O que não o impede de escrever essas descomplicadas linhas em
breve tempo de barulhento ambiente.
Vida
simples é você quem determina. É a sua, não a do outro para o outro. Simples
assim.
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