XLII. Blank.
Página em branco.
Inteirinha. À espera do sabor-ser amargo da tinta.
Nermo, eu, enfim
mudamos. Já há quase um mês que não tenho a vista do morro encantado e o canto
regular matinal do joão-de-barro. Há, sim, outra vista, outros cantos de outros
passarinhos, como foram os anos de que aqui vai se encerrando essa canção. I,
II, III, até XI anos, cinco meses e já treze dias. Ou doze. Por aí.
Da empresa não tenho
muito que dizer. São palavras, desenhos, colagens e folhas entre páginas.
Esperanças, lembranças, andanças, mulheres, desabafos, poesias, sóis, rabiscos,
caras, listas. E como gostamos de listas, bem disse e observou e demonstrou
Umberto Eco, no Confissões de um jovem romancista. E como a Parker 51, do vô
Remo é gostosa. Que beleza.
Leite, cereal, banana,
granola, água, ameixa, beijo, escova de dente, pasta de dente. Quanta coisa na
boca pela manhã. Durante o dia, mais.
XLIII. A Parker 51, novamente.
Capítulo quarenta e
três. Faltam esse mais dois. Até lá, divirto-me com o traçado maneiro da caneta
tinteiro. Sua escrita é, quando se pega a prática, mesmo mais fácil e gostosa
do que a esferográfica – acredite se quiser.
Em respeito aos outros
quarenta e dois capítulos, se é que merecem, continuo a discorrer (e correr)
com mais essa história.
2008, 2009, 2010, 2011,
2012, ufa, 2013 e, hoje, desde o Dia da Confraternização dos Povos, 2014. Digo
que nem preciso sorver da fonte dessa vez (para não dizer que estou com
preguiça e não agüento mais essa tal de “Em ritmo” na minha frente, que de
ritmo não tem nada ou, se tem, é tão particular que até José Saramago e seus
eternos parágrafos franziriam a pele da testa), pois frescos são todos esses
anos.
Por coincidência, ou
não, levaram-me à cadeira na qual agora sento e como uma sopa quente de legumes
em pleno verão de 30 graus para cima, em alta noite. Ainda não toquei na sopa,
porém. As palavras estão a fluir così bene que fluem, e o calor realmente é
tantis que gotas vão pelas têmporas apenas pelo rápido movimento da ponta de
ouro da velha, eficiente e calorosa Parker 51.
Por agora é só. Ai, ai,
que venha a sopa.
MCP