Naquele tempo a
liberdade da escrita o seduzia. Via na escrita um caminho de pedras lisas, mas
firmes e que não escorregam. Passagem para um campo aberto, uma clareira com
muito sol, mas algumas árvores para ter sombra e, porque sem água não dá, com
um lago e um penhasco com cachoeira bonita.
Gostava de Graciliano
Ramos. Havia lido quase todas as suas obras. Por isso, escrevia algo que teria
vivido e, quem sabe, deixando dúvidas entre biografia e ficção, senão, não
teria graça, pensou.
No dia tal do mês certo
do ano que se findava, sentia o conflito entre o som da TV e de seu som
portátil. Era uma noite de muito calor e pernilongos – morava perto de um
extinto rio em que o avô dizia nadar. O avô já não tinha e o extinto rio
naquele dia ainda, porém, assim era chamado: rio.
Porque tinha sono e
iria acordar cedo para correr, largou a caneta que escrevinhava bonito e
gostoso, e foi dormir. Tomara que quando ele voltar já haja outro personagem
nesse melodrama, cruz credo, pensou ele mesmo, e foi, agora sim, dormir, já as
23:08 de 26 de dezembro de 2012, naquele quarto, naquele silêncio bom.
MCP
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