27.5.13

Dinâmica da vida.




Agora, neste exato momento (que já passou), escrevo em um pequeno caderno à bordo de um ônibus em movimento entre São Paulo e Vinhedo. São 18h47min de uma segunda-feira. É noite.
Com certeza ou muito provavelmente é dia no Japão. Pessoas estão em ônibus em movimento escrevendo (deve ter alguém escrevendo em caderninhos também – de papel, rs) à caminho de seus trabalhos.
Muito provavelmente há pessoas já dormindo, acordando, fazendo amor, em algum canto do mundo.
Há pessoas que estão sorrindo, chorando, que estão felizes, que estão tristes, neste instante.
Apostaria que há pessoas nascendo, morrendo, senão no segundo que passou, nesses últimos minutos.
Alguém cometeu um crime, alguém ajudou outra pessoa, nesses instantes, pode crer.
Sujeitos resolveram problemas que os chateavam, outros acabaram de ganhar um para resolver, nessa hora que passa.
Hoje, ah, hoje foram assinados tantos, mas tantos contratos que haja obrigações. Pode acreditar que outros muitos foram quebrados.
Ações judiciais foram propostas em diversos países, hoje.
No momento, voltemos a ele, promessas serão, foram, estão sendo feitas, nesse exato momento ou, senão, nos últimos e próximos segundos.
Cidadãos produzem lixo, passam fome, clamam por uma vida melhor. Rezam, meditam, passeiam com seus cachorros. Acredito que tudo isso agora aconteça.
Lá chove, acolá faz muito sol, naquele outro ponto um frio do cão, agora.
Continuo no ônibus, são 19h05min. Nesse tempo que passou, sem dúvida, músicas foram ouvidas (eu ouvi, rs), músicas foram tocadas e, muito provavelmente, criadas também.
Pedágios foram vencidos, roupas foram postas e tiradas. Bocejos são agora vividos.
Segundos passados, minutos transcorridos, vidas vividas.
Alguém, afirmo com firmeza, deu um abraço afetuoso em outro alguém que o recebeu com alegria, agorinha.
Uma criança dá um sorriso, outra abre aquele berreiro, nesse espaço de tempo em que escrevo esta frase.
E eu? Eu continuo à caminho. São 19h19min. Logo chegarei. Posso continuar escrevendo até chegar lá. Uma pessoa acabou de pensar se continua a ler um livro ou faz outra coisa, muito provavelmente isso aconteceu. Da mesma forma, outra está decidindo se sai da cama ou se fica mais tempo e tenta novamente adormecer.
Outras coisas acontecem neste exato momento? Posso imaginar tantas até o final deste breve espaço de folha e outras muitas e muitas outras até o final do próprio caderno. Não acertaria todas, talvez, mas a probabilidade, naturalmente, é que muitas estariam realmente desenvolvendo-se.
Alguém está conversando com outra pessoa em uma língua que não a sua. (Essa é fácil. O passageiro da poltrona de trás conversa em espanhol com alguém, rs.)
É isso. Tanto, tanto está por aí a acontecer. Ao nosso lado, um pouco adiante, um pouco mais ali. Tenhamos certeza disso. Da dinâmica da vida. Esse momento (que já passou enquanto eu escrevia “esse momento”) é único para mim, para você, para os outros, para a vida (embora possa não parecer). E nele acontecem tantas coisas. Ao mesmo tempo. Em diferentes perspectivas. Condições. Lugares. Tempos.
Que bom. Assim que é. Sempre foi. Continua sendo. Que eu saiba, amanhã também será.
São 19h28mim. Meu ônibus já vai chegar.

MCP

3 comentários:

  1. E naquele momento que vc decidiu escrever, foi definido que momentos depois eu iria ler... Estou curtindo mano!! Bora pro próximo...

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Obrigado.