27.5.17

Resenha: O dedo do diabo, K. Stalden

Conrado Amstalden, sob o pseudônimo de K. Stalden, escreveu uma bela história de humor popular. Sim, a temática é em geral alegre e positiva, e os personagens e seu ambiente lembram contos do dia a dia. Difícil interromper a leitura. Os acontecimentos são bem encadeados e a escrita flui com vigor.
O autor, que tenho o prazer de conhecer pessoalmente, é pessoa culta com afinado senso de humor. Tem ele certa fraqueza para a temática sensual feminina. Assim, a obra é fruto dessa boa mistura: humor, inteligência e putaria, digo, sensualidade (desculpem o ato falho - risos).
Nossa sociedade predominantemente católica, embora os evangélicos e espíritas cresçam a cada ano em número e relevância, defende diversos preceitos morais, como o pudor sexual, a monogamia, a fidelidade, a honestidade, a família, a abominação ao diabo, a honra pessoal e social. A ameaça da quebra desses paradigmas, mesmo que apenas nas páginas cruas de um livro, é envolvente, claro. Pelo simples motivo de que ninguém é cem por cento “algo”, sendo que dentre esses há alguns mais ou menos enrustidos.
Ateus, tarados, prostitutas, mulheres recatadas, homossexuais, o tal bem dotado, batinas pesadas. Nada que uma lua cheia não resolva.

Super indico a leitura. Afinal, nós brasileiros estamos precisando de um pouco de sadio humor ultimamente, não é?!   


20.5.17

Resenha: 1984, George Orwell

O nome do livro, que você deve ler obrigatoriamente, é esse mesmo. Ótima obra. É de 1948, escrita por George Orwell (1903-1950).
Conta a história de Winston, funcionário do Ministério da Verdade de um país controlado severamente pelo Estado. Não há espaço sequer para dormir privadamente. Câmeras e escutas por todo lado. O ideal do Governo é controlar até mesmo seu pensamento, como se chip houvesse nas suas correntes cerebrais.
O enredo é assim mesmo tenso e interessante. Difícil não lembrarmos dos tempos atuais e pensarmos como o autor teria adivinhado. Mas, lendo um pouco sobre o mote do escritor, tem-se que não era um livro futurista, mas uma crítica à própria situação de 1948, sobretudo o Stalinismo, na Rússia da primeira metade do século XX. 
Vale ler. Recomendadíssimo.
Termino com uma angústia braba: o Grande Irmão (ditador do livro) está na minha casa. E, pior, não se trata de um déspota mortal e passageiro, mas de centenas de milhares de pessoas conectadas na internet de cada dia. Merda de rede. O mesmo sistema que nos abre portas, nos observa atentamente e trata de fechar aquelas que lhe aprouver. É real. Não duvido, inclusive, que já haja meios de leitura de pensamentos. Ah, repare bem e enlouquecerá. Somos, sim, vigiados, e muito bem.
Qual o fim disso?! Não sei. Sigamos com cautela.





19.5.17

Capítulo nove

e fim
sobre a distância há silêncio, da regra vige o crime. nossos heróis estão vivos, mas são outros. Sou eu. E pronto.
Na curva da trilha, a pedra verde. encosto. o sol é frio, os ramos todos. não tenho vontade de seguir, tampouco de voltar ou permanecer alí, na branquidão. sinto fome.
Volto.
há a numeraiada sorridente. violão. fogo. o livro dos contos. Conte a todos, diz o chefe. Contei. vocês outros também, claro. e os registros estão lá. Nem todos alegres, positivos. ela, ele conversam com o nada volta e vez.
O querer é limitado. por isso, o não querer é confuso, cheira mal. normalmente, quer-se muito, mas precisa-se de tão pouco.
A sociedade ramifica-se

14.5.17

Resenha: No teto do mundo, Rodrigo Raineri com Diogo Schelp

O principal tema da obra é o desafio de escalar o Monte Everest até seu cume, mas sua leitura traz muito mais. Rodrigo é sócio de uma empresa de aventura e de treinamento empresarial baseado na superação de desafios reais, como vencer limites físicos e psicológicos, trabalho em equipe ou solo, concentração e tomadas de decisões. Por isso, o deleite da obra transpõe a curiosidade sobre o gelo e as nuvens para uma atmosfera prática e cotidiana. O que uma investida ao pico mais alto do mundo pode ensinar? Rodrigo conta.
Indico a leitura também porque a estrutura do livro é muito boa. O alpinista Raineri certamente é o dono do conteúdo, revisou, participou e aprovou o encadeamento da leitura, mas o “ghost writer” Diogo Schelp merece elogios, pois soube muito bem trabalhar com o ofício da escrita, aliando a escrita técnica do montanhismo com a literatura que, sim, há em escalar uma montanha a quase nove quilômetros de altitude.

Enfim, usufrua desse caminho literário como o Rodrigo curtiu cada metro a mais da Chomolungma (Deusa Mãe do Mundo), como é conhecida localmente. Reflita sobre seus objetivos e o que os torna especiais para você. Mais: o que tem feito para conquistá-los? Com todo o equipamento disponível, planejamentos, tentativas, ainda assim nem todos conseguem pisar no topo, ou pior, voltar vivos de lá. Sempre haverá riscos no trajeto, esse sim, talvez, muito mais importante do que atingir a meta (tem um capítulo sobre isso no livro). Viva com qualidade.