29.6.15

Terceira enquete. Tema vencedor: a gestação do Pedrinho

A gestação do ser humano não é a mais longa dos viventes. Pesquise e descubra o grande número de espécies com durações maiores. Por exemplo, a elefanta asiática (22 meses) e a salamandra alpina, que não coloca ovos, como a maioria dos anfíbios, mas passa 3 anos e 2 meses com seus filhotes desenvolvendo-se no próprio oviduto.
É que o homem tem o tempo como forma-abstrata-relativa-incompreensível. É ansioso, em outras palavras. Tem receios. Nove meses, principalmente o último, são uma eternidade. Todos os dias contam. Para o pai e para a mãe. Se tudo caminha bem que bom, porém, poxa vida, ainda não nasceu. Não vi sua carinha, não o senti em meus braços.
Mais: a gestação é tão mágica que sentimos que o útero é a própria cartola preta. Crianças, ficamos, por mais cuidadosos e atentos, apreensivos pela saída do coelhinho. Inteiro. São e salvo. Até que o “truque” (se é que cabem aspas em procedimento de dedos e dedos de dilatação) termine ainda não acabou (como dizem nas crônicas boleiras).
Então, a pele flexível do ventre é moldada, esticada pelo rebento ativo. Chutes, empurrões, ajeita daqui, dali. Tudo, literalmente, à flor da pele da mulher. O pai é apenas espectador. “E como é isso? Dói? Tudo bem? E agora, tudo bem? Continua tudo bem? Encaixou mesmo? Segura o moleque aí dentro mais um pouco, meu Deus.”
Tudo bem. A continuidade da espécie depende desse ritual. Aguardemos, fiquemos felizes e tranquilos. Uma nova vida virá. Indefesa, mas com todo o necessário para seguir em frente e perpetuar a humanidade. Assim esperamos.

O resto – sim, claro – descubra você mesmo. Como diz minha vó: se não tê-los, como vê-los? Quem sabe um dia essa pergunta também o instigue. Tomara. Vale a pena. Semeie, meu caro, minha cara.

22.6.15

A terceira enquete do blog será um sucesso

Expressa. Corra. Vote. Só uma semana para votar. Dia 29/6 publicarei o texto conforme o tema vencedor. Votação no canto superior direito do blog. Obrigado pelo apoio. Abraço, Piero.

Ócio

O ócio é ruim. Sim, acho que sim. A vida não nos foi concedida para nada, sem propósitos. Por isso, pode crer, todos sentem-se mal quando estão dispostos a fazer algo, mas simplesmente não fazem. Faça. Xô preguiça. Acredite que sua existência fará mais sentido depois desse ato. Agora, claro, você não precisa, nem pode tudo o tempo todo. Deixaremos de agir muitas vezes. Não por má vontade. Apenas porque temos o limite individual que nos impede disso ou daquilo. Sem grilo. Não se sinta mal por isso. O que não pode mesmo é deixar de atender sempre o chamado do nosso corpo e mente para se mexerem. Mexa-se, cara. Faça mesmo um esporte, veja o líquido negro da tinteiro brilhar e secar no papel, conheça novas pessoas, vá em festas juninas e julinas. Escreva com uma Parker 51, como faço agora. Sinta essas sensações. São muito boas. Ah, Parker 51. R. Capestrani. Graças a Deus. Ouça Eric Clapton na vitrola. Tome banho gelado. Durma em uma barraca. Aprenda a nadar. Mergulhe. Toque um instrumento. Coma pipoca. Muita. Beba. Não exagere sempre. Vez em quando, por favor. Tente viver bastante. Conforme seu vigor. Seu tesão. Tenho 30 anos. 
           O blog não está mole. Não tenho publicado o quanto combinei com o dono do jornal que está publicando meus artigos. Mês que vem é o terceiro. Ele queria duas publicações por semana no blog. Não é fácil. Não. Mas é possível. Bem possível. Esse, enfim, o espírito do início do texto. Façamos. Não tudo. Porém, bastante. Nos esforcemos. Senão, ah, senão não muito faremos. Façamos, façamos.



19.6.15

Mais um texto expresso

Título, parágrafo, fonte. Fome do blog. Dor de barriga. Ai meu Deus, ai meu Deus, ai meu Deus, diz o quadro do ‘Viva o gordo’. Pronto. Mais um texto expresso.
Se não digo nada já disse. Se pouco, algo. Se algo, tudo. Sê tudo torna nada. Afinal, a Fifi foi-se pela foice da morte. Mas, continuamos a vê-la nos degraus, na proximidade da soleira, na sua estática tranquila que lhe era própria. Saudades.
O texto, então, veja só, ‘destruncou’ e já truncou de novo. As vírgulas escorregam e servem. Para quem?
O expresso já-já cumprirá sua expressividade. O blog gordinho queima a língua com mais uma batata frita. Tudo bem. Quem aguenta só batata souté?!
Puxa vida. Nos vemos na próxima. Quem sabe com mais tempo e vontade. Tempo para quem? Hahahaha. Fogo. Escrever também depende daquilo que independe, mas não independe daquilo que depende –, se é que me entende. (Se mais de três ou quatro pessoas entenderem alguma coisa desse texto além de mim –, se é que entendo. Hehehehe.) Fui. Tchau.

16.6.15

Gavetas

Nosso cérebro é um gaveteiro. Como guardamos as coisas e deixamos elas engavetadas por tempos e tempos, arquivamos também os sentimentos, as alegrias, as dores, os conhecimentos. A diferença é que os espaços externos são bastantes manejáveis. Abrimos, fechamos, trocamos seus conteúdos, rasgamos papéis, doamos roupas, brinquedos. Nossa mente é menos controlável. Os registros são indeléveis, as gavetas são infinitamente profundas, a arrumação é complexa.
Por isso, pensamos duas vezes antes de assistirmos àquele vídeo sangrento, de ouvirmos determinados testemunhos, de conhecermos algumas verdades. Escolhemos. Nem tudo, porém, podemos manobrar. O filho chama, o país entra em guerra. Tristeza.
Também há o inesperado positivo. As oportunidades, os encontros.
Bom e ruim sempre haverá em tudo. Como se diz, nada é 100%. Lembremos de, vez em quando, externas e internas, tentarmos ocupar-nos sobre cada gaveta disponível em nossa casa, trabalho, mente. Abra aquela esquecida. Guarde, arrume outras coisas nas mais vazias. Doe, desfaça-se, desapegue (expressão na moda) do que for para desapegar. Reflita, lembre, medite e conclua que suas gavetas (e seus conteúdos) são muito importantes, mas virão novas.
Arrume a bagunça. Abra espaço para o novo (como sua mãe diz –, e a minha também). Sempre.  

13.6.15

Jornal de Valinhos

Com alegria anuncio que ontem foi publicada a segunda coluna que assino nas segundas sextas-feiras dos meses no Jornal de Valinhos. Periódico semanal disponível nas bancas de Valinhos e Vinhedo. Confiram.

6.6.15

Índio urbano

Apertamento sem sol
Tempo livre na horta comunitária
Trabalha na portaria
Detesta o aerosol

Perfuma o quarto com terra
Toma banho frio
Rio
Ele diz: erra

Do automóvel não vê graça
Asfalto é como uma pinta no solo
Atos dos homens com dolo
Não eventuais, sem cachaça

Evolução da árvore abaixo
Ser humano pequeno
Semeia seu próprio veneno
Ela saiu , acho.

MCP