Entrou.
Já há alguns anos lá frequentava. Não encontrou muitos jovens, como ele, nem
crianças. São raros, na verdade. Adultos, pessoas de mais idade, cheios de
lamentos, ritos decorados e confiança cotidiana.
O
lugar, de manhã, tem particular silêncio e paz. Os bancos não ficam cheios,
pelo contrário. Ele procura estar próximo de alguém. Não gosta de sentar
sozinho. Acredita que seja local de comunhão também entre os humanos.
Não
conhece bem o ritual. Não pode comungar. Estuda, se aproxima, familiariza-se.
Chega mesmo a entrar na fila – até seu final. Pensa que Deus está além das
palavras terrenas, sente seu próprio chamado, antecipa degraus. Quer voltar a
eles e cumpri-los, porém.
Os
mais velhos vem sempre. Em geral, desde pequenos acostumados com a missa, sabem
quando há reverências, quando será aplicada aquela ou aqueloutra “fórmula”.
Conversam com o sacerdote, ajudam com as atividades da Igreja.
É
uma comunidade. Há encontros para rezar o terço, para estudar a doutrina, para
formar novos fiéis, para prepará-los aos sacramentos. São organizadas e
desfrutadas festas paroquiais.
Nem
sempre há movimento. Átrios vazios, capelas silentes. A tradição de cantos,
rezas e celebrações é rígida, tem dias e horários, duração, cores e envolvidos previamente
determinados. Antes e depois ninguém ou poucos. Conversa íntima, atenção autodisciplinada.
Há
pequenas diferenças, pois humanas. Mas, o cerne é esse mesmo: a repetição, a
habitualidade, a confiança, a integração, a celebração, a fé e a fraqueza
humana. Sobretudo a fraqueza. Nossas limitações, sofrimentos e lamentações. Que
não demos as costas a estes. Vá à Igreja, meu irmão. Verá que sempre há caminho
possível, melhor, pacífico, cristão e feliz.
Nem
por isso ele sempre está em paz, feliz e saltitante. Reconhece, no entanto, a máxima
da filosofia: só sei que nada sei e nem tudo posso, mas tudo posso explicar e
nada é impossível.
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