Mais um capítulo. Não se espante ainda, deixe isso para os próximos, hehe.
Uma alma de criança.
Então escrevia coisas de crianças. E tudo bem.
Estava andando pelo
mundo, pois era o que gostava de falar: vou pro mundo! Tchau! E saía de casa
sem avisar para onde ia. Por vezes, aliás, nem ele sabia ainda. Muito bem.
Estava andando pela rua quando foi subitamente envolto por uma sensação espessa
de um ar denso, como vapor muito quente, mas não era desagradável. Seu corpo
perdeu os movimentos por instantes os quais seriam segundos ou mais ou menos,
não pode precisar. Sua visão foi aos poucos turvando enquanto o mundo
continuava seu fluxo, como se fosse alheio a Nermo. Então pluff pluff, tudo
apagou.
Voltou como foi, mas
mais rápido, de repente e sem prévio aviso. Viveu.
À frente o mar, em
volta montanhas cobertas de densa vegetação atlântica. Uma praia deserta,
enfim. Aos seus pés, um novo caderno, à sua mão, por acaso, duas canetas.
Pronto. O convite à literatura, o convite ao registro e ao imaginário do poeta,
do escritor.
E foi o que ele fez.
Escreveu: pois cá estou, não sei como, porquê, onde, apenas estou e, por
estilo, escrevo.
A ordem, a disciplina
ou a posição já desordenava e ele, livre, criava seu próprio caminho entre o
mar e as árvores.
Por perto uma caverna,
um riacho, bananeiras, água de coco, mamão, mangueiras, uma clareira com
registros humanos: uma velha e abandonada construção de taipa e um pomar
plantado com abundância e variedade.
Conseguiu, além de
tudo, pescar e caçar. Reconstruiu como pode a velha construção e as noites
fogueiras lua e o constante som corajoso, novo, das ondas, sempre ondas.
Viveu, enfim. Escreveu,
também.
MCP
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