26.6.13

VII. Sobre outra coisa.



      Aquele dia, dia de sol de inverno, mais ameno, doce, com uma brisa do Sul, resolveu Nermo cavar ao entorno da construção. Cavou de um lado, de outro, fez vários buracos que as chuvas e o tempo naturalmente iriam fechar – não eram tão fundos. Procurava algo, quem sabe, enterrado por quem vivera por lá.
Achou. Achou um saco de folha de bananeira incrivelmente bem trançado. Como eram muitas tranças, embora a muito secas e quebradiças, ainda se percebia que era um saco trançado.
Que bom. Que achado. Há dias sem avistar qualquer pessoa ou outros vestígios achara algo não só humano como, provavelmente, de uma criança (Nermo adorava crianças).
Achou bolas de gude dentro do saco. Pôs-se a jogar com todas as onze presentes desse, enfim, presente. Pluquiti, plequiti, pu, no buraco. Lance certeiro, plequiti, mais uma.
Jogou outros dias. Bolinhas, buraquinhos na areia dura, apreciando o mar. Como o mar estava bonito nos primeiros dias vividos naquele lugar desconhecido, daquela forma inesperada. Que teria acontecido? Onde Nermo estaria? Por quê? O que significava tudo aquilo?
Sim, Nermo gostava de praia. Sim, Nermo gostava de aventuras. Sim, Nermo pensava em uma experiência diferente do lugar em que vivia, em que buscava seus objetivos, trabalhava, estudava, se comunicava com a sociedade, com o que sabia do Mundo.
Sim.
Mas.
Mas esta história não é sobre um menino que se perdeu no mato. Não. É sobre um garoto que, perdido sempre, onde quer que seja, pois todos estão afinal, se encontrou.
Encontrou-se não como o sol toca a montanha, mas como... ainda não. Ainda é cedo para dizer como se encontrou. Primeiro pensemos como ele se achou perdido. Por primeiro, depois por seguinte, seguinte seguiremos.

MCP

23.6.13

Viagem para Tiradentes no Carnaval de 2009.







Viagem para Tiradentes no Carnaval de 2009.

“25/2/2009 18:41

21/2 a 24/2/2009 Tiradentes, MG

Então voltei a Tiradentes pela terceira vez. Não o levei, pois não coubeste na bagunça de sacos de dormir, manta, toalhas, roupas, capas de chuva, travesseiro e barraca.
Venho então agora, com a mente fresca dos passados momentos em companhia da imponente Serra de São José e da não menos imponente Vanessinha, traçar tinta por linhas finas, quase imperceptíveis do caminho deste “diário”.
Foi bom! Ótimo, fantástico? Não. Bom, gostoso, novo, sim! Comemos bem, rimos, vimos imagens bonitas. (sabe lá o que muda nossas percepções – tenho a lembrança que a viagem foi fantástica, mas na época, ao que escrevi, não foi tanto assim – sabe lá)
Sorrimos. Tomei banho de cachoeira, vi muitas libélulas e borboletas. Vi estrelas, senti o sol de rachar nas minhas costas, dormi no chão da barraca com somente uma manta e um saco de dormir embaixo. Dormi com chuva ou no calor de tão cansado. Brindamos um ano de descobertas, sentimentos, saudades e conversas.
Debaixo do sol, na piscina, ouvindo velhos pagodes e músicas populares, lembrei do bom e velho Quisisana (condomínio de Poços de Caldas) da minha infância. Só faltou o espetinho de frango ou o kibe e o refri. E que vista da Serra percorre a bela Tiradentes. Que beleza!
Enfim, a viagem foi buena, muy buena. De mãos dadas rezei o pai nosso na missa da Santo Antônio de Pádua. Depois, o espetáculo de som e luz. Pela terceira vez.
Passeio de charrete, marchinhas de carnaval no Largo das Forras. Blocos no calçado pé-de-moleque. E, novamente, Pousada Toro Real e seu jardim-camping.
Viajar é sempre bom, sempre. 

MCP

VI. Ilhado, pois algo sempre ocorre.


Mais um capítulo. Não se espante ainda, deixe isso para os próximos, hehe.



Uma alma de criança. Então escrevia coisas de crianças. E tudo bem.
Estava andando pelo mundo, pois era o que gostava de falar: vou pro mundo! Tchau! E saía de casa sem avisar para onde ia. Por vezes, aliás, nem ele sabia ainda. Muito bem. Estava andando pela rua quando foi subitamente envolto por uma sensação espessa de um ar denso, como vapor muito quente, mas não era desagradável. Seu corpo perdeu os movimentos por instantes os quais seriam segundos ou mais ou menos, não pode precisar. Sua visão foi aos poucos turvando enquanto o mundo continuava seu fluxo, como se fosse alheio a Nermo. Então pluff pluff, tudo apagou.
Voltou como foi, mas mais rápido, de repente e sem prévio aviso. Viveu.
À frente o mar, em volta montanhas cobertas de densa vegetação atlântica. Uma praia deserta, enfim. Aos seus pés, um novo caderno, à sua mão, por acaso, duas canetas. Pronto. O convite à literatura, o convite ao registro e ao imaginário do poeta, do escritor.
E foi o que ele fez. Escreveu: pois cá estou, não sei como, porquê, onde, apenas estou e, por estilo, escrevo.
A ordem, a disciplina ou a posição já desordenava e ele, livre, criava seu próprio caminho entre o mar e as árvores.
Por perto uma caverna, um riacho, bananeiras, água de coco, mamão, mangueiras, uma clareira com registros humanos: uma velha e abandonada construção de taipa e um pomar plantado com abundância e variedade.
Conseguiu, além de tudo, pescar e caçar. Reconstruiu como pode a velha construção e as noites fogueiras lua e o constante som corajoso, novo, das ondas, sempre ondas.
Viveu, enfim. Escreveu, também.

MCP

21.6.13

Voltando.

Ho ho ho, voltei.

Estava meio acamado esses dias, mas melhorei e em breve postarei algo bem legal. Postarei umas percepções de uma viagem que fiz para Tiradentes, MG, há alguns anos (que lugar hein, visitem).

Quem "blogar" verá. Nos próximos dias.

Um abraço para os meus leitores e leitoras (Vanessaaaa, pelo menos, rs) queridos e queridas (nesses tempos de 'Presidenta', rs).

Piero

5.6.13

IV. Ela. e V. Percepções, por que não?




IV. Ela.

Não sabia o nome dela ou qualquer outra coisa. Apenas que era jovem e tinha um rosto bonito. 
Norme. Pronto, esse era seu nome. A pessoa, muito bem, devia ter um nome comum. Talzez, Espi. Espi, um nome comum em Sartosí, afinal, sua Terra.
Lia, lia muito o Norme. Desde que pensou que lia pouco, que isso não podia – “como assim?”, “estou lendo muito pouco” – leu, leu ainda mais livros. Que bom. Achava, embora, que ler era, por vezes, cansativo. Como tudo, aliás, em exagero, matutou. Matuto o garoto.
Daquela pessoa? Como disse, nada sabia Norme a seu respeito e, provavelmente, continuaria sem saber.
Norme sabia, porém, que segunda-feira próxima trabalharia. Sentia sono, mas, deixe estar, quando voltasse escreveria com mais afinco.

V. Percepções, por que não?

Mas ainda não era segunda e o sábado reinava com uma brisa agradável de verão. Da varanda, na poltrona florida, mais uma vez, Norme escrevia. E escreveu.
Escreveu que o tempo na varanda estava mais convidativo que no interior do apartamento. Escreveu o que podia, pois, como principiante, não tinha segurança para escrever qualquer coisa.
Escreveu aquilo que veio. Uma história em desenvolvimento real, sem enredo que nem deveria passar mais por explicações, mas como era o que ele sabia, passou – novamente.
Na sua varanda havia uma suculenta em flor. Era a segunda vez em sete ou oito anos que ela florescia. A última havia sido há uns cinco anos, talvez. São belas flores, lembrou. Esperava lembrar-se de vê-la todos os dias para ver a florescência.
Sábado, novamente, parado. Tivera tantos na sua adolescência. Fins de semana melancólicos em que, ao menos, muitas vezes se alegrava andando de bicicleta ou praticando esportes. À noite, até. O esporte dá felicidade. Quase sempre. Deve matar de cansaço a tristeza.
Só de escrever, porém, começou a sentir calor, ufa, era um verão quente.
Fome. Sentia fome, o Norme. Pensou em sair para comer algo. Lembrou-se daqueles fins de semana. Estava sem namorada. Não tinha muitos amigos. Não lhe veio à mente aonde ir. Continuava com fome. “Ah, porém.” Lembrou de um trecho de uma música – “ah, porém, era ...” – nunca lembrava o resto.
Havia se decidido ir de bike até o shopping. Poderia comer e talvez assistir um “movie”. 

MCP