17.10.16

ao abecedário

Por duas vezes pensei que não poderia decorar o alfabeto
Estava certo. Ainda não sei sua ordem ou conteúdo de pronto. Embaralho-me no final.
Tenho lá certa aversão a padrões e acho a palavra ‘subversivo’ o máximo, embora diga o livro que optar pelo diferente é um método. Aff.
Devo me acalmar e ter paciência, digo a mim mesmo. Reler a frase feita e adequar as linhas em ordem atrativa. O herói, o mentor, a trama toda. O desfecho interessante. Humor, suspense, conhecimento.
Pra  cucuia tudo isso. Luto apenas pela escrita nova. A minha. Dor da ausência literária, sofrimento do título novo. No final doem os olhos e bagunço as fontes do Word. Só isso. O auto-corretor alerta que ‘word’ é com ‘w’ maiúsculo. Word.
Bonito entender essas letras deitadas e floreadas. O meio do mês passou e lamento pelo texto pobre. É que a comunicação é fumaça. Meu fôlego é sucinto e o sono é todo. Meu pequeno chora, a mãe sua com ele na noite quente. O pai seca a cuca na máquina. Espera algo que não vem.
Terminei pela segunda ou terceira vez o ‘angústia’, do Graciliano ramos. Esse era, esse era. Luis da silva, o ser dormente. Caminha esquivo, repousa inebriado. O romance é denso. Atmosfera do terceiro dia sem sono. Da indisposição violenta, da frustração sensível.
Por que tantos tipos de fontes se a palavra é una? prefiro o retardo da caneta antiga, o espaço do sofá da vó. Como o texto acaba já digo. Se leu até aqui já sabe. Tenho ainda mais sono e menos vontade de reanimar o morto amanhaã. Prometo nada aos meus queridos (sim) leitores e me despeço na incerteza de um novo capítulo da sociedade secreta ainda neste mês.

Fui. Capaz que demore em voltar. Ou não. Ando concentrando meus esforços para a criação não publicável (ainda). arrivederci
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