Imaginava o equilibrista de asas, com sementes leves em cada lado da fantasia circense. Podiam ser de girassol, de erva-doce, de pimenta-rosa.
Dos treinos outras. Maçã, urucum, melancia. Símbolos de equilíbrio as pequenas, grudadas ao corpo do homem, eram esquecidas ali. Só lembradas quando as passadas vascilavam, o atrito sinal de insegurança, ventos do Norte.
O sujeito deveria treinar era muito. Quando livres, suas meias andariam sozinhas pelo espaço esticado.
Dedicação, desafio de paciência.
E tinha os equilibristas de coisas. Copos em bandeijas, objetos nos corpos, pessoas nas gentes.
Treino. Muito treino. E quando é chegada a hora há aplausos. Essas as lembranças dele. E com elas equilibrava os dias.
Se ele tanto podia, malabarismos na tarde quente, por quê não ele na noite fresca? Colocou a meia. Noite mais fria. Sentou na escrivaninha, testou com a tinta azul e decidiu-se pela preta de outros textos.
Escreveu, riscou, completou, releu, terminou. Não os mesmos metros dos pés sem meias, mas a esperança da caligrafia lida.
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