21.8.16

Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar

Há um tempo que não lia uma boa obra. Até o retorno ao clube do livro da Livraria Nobel de Vinhedo e o 'Lavoura Arcaica', de Raduan Nassar. A complexa instituição família. Seres humanos diversos sob os laços da tradição, crenças, seduções, escolhas, descobertas, ímpetos, afetos. O livro, como o tema principal, é dasafiador. Construção narrativa indireta, longas reflexões, subtemas polêmicos. Vale muito a leitura. Grande novela. Recomendo.

20.8.16

capítulo I

Era uma vez uma história real. Real de mentirinha, por capricho do autor, embora toda narração seja verdadeira. 

Leia os demais capítulos já escritos em postagens anteriores do blog. 

16.8.16

A meia do equilibrista


Imaginava o equilibrista de asas, com sementes leves em cada lado da fantasia circense. Podiam ser de girassol, de erva-doce, de pimenta-rosa. 

Dos treinos outras. Maçã, urucum, melancia. Símbolos de equilíbrio as pequenas, grudadas ao corpo do homem, eram esquecidas ali. Só lembradas quando as passadas vascilavam, o atrito sinal de insegurança, ventos do Norte. 

O sujeito deveria treinar era muito. Quando livres, suas meias andariam sozinhas pelo espaço esticado. 

Dedicação, desafio de paciência.

E tinha os equilibristas de coisas. Copos em bandeijas, objetos nos corpos, pessoas nas gentes.

Treino. Muito treino. E quando é chegada a hora há aplausos. Essas as lembranças dele. E com elas equilibrava os dias. 

Se ele tanto podia, malabarismos na tarde quente, por quê não ele na noite fresca? Colocou a meia. Noite mais fria. Sentou na escrivaninha, testou com a tinta azul e decidiu-se pela preta de outros textos. 

Escreveu, riscou, completou, releu, terminou. Não os mesmos metros dos pés sem meias, mas a esperança da caligrafia lida. 


15.8.16

(Ca Pí tul o cinco e ½)

(Dormi mal hoje O cerne cantarolou, mas não vingou A semente germina, o sol a fustiga E o tempo? O espaço de tempo, os ponteiros da rua O sono forte, o trabalho contínuo Só há três coisas: o verme, a folha e o vento Os que vivem nas beiras não suportam os pivôs, maltratam o caminho, sucedem os excluídos Contudo, há foco, há persistência e silêncio De tanto aguardar a tristeza ela não chega O eixos das mãos se perdem em outros queixos, queixas Enquanto o cabelo cresce também a unha Dias para a leitura, anos para o livro Conversa curta, banho longo Bebida quente, bicicleta livre Doze pessoas soltas são mais presas que a própria pele no corpo Estou com sono de novo e preciso dormir melhor Escrevo o espanto do cansaço para as vagas da noite Só assim sossego as favas do dia)