Parto da coisa é mais uma bela obra de Sandro Capestrani. Gostei muito, sinceramente.
Sou
suspeito, claro. Porém, é uma opinião muito fácil de ser confirmada. A
dedicação, o talento sobram.
Meu
pai, sempre, foi (e ainda é, graças a Deus) uma pessoa muito meticulosa. Como o
farol, guia dos navegantes, foi conquistando e incentivando sucessos por onde
passou: trabalho, família, esporte, literatura.
Fico
feliz de poder presenciar outro “parto” das ideias dele.
A
poesia, como muitos defendem (e eu concordo) é a arte literária mais
intrincada. Um bom poema é algo muito, muito difícil de criar. O que dizer de,
então, cinquenta bons poemas, em um mesmo livro?!
Engana-se
quem pense nos versos, primordialmente, como algo dourado, belo. Não. Deve-se,
antes, dizer. A literatura, como muitos escritores já disseram (por
exemplo, Graciliano Ramos), serve para comunicar algo e não para brilhar como
ouro falso. A poesia, pelo seu notório poder de síntese, intimidade, detém um
potencial sensível de transmissão de ideias: pode dizer muito com pouco.
E
assim é que você deve ler poesia. Não espere, aliás, decifrar tudo o que o
poema quer dizer (por vezes, nem o poeta ainda descobriu). Faz parte desse
gênero deixar para o leitor algo oculto, indecifrável. Eu, por ser filho do autor,
talvez, perca um pouco da força dos “não ditos”. Mas, nem sempre, nem sempre. Os poemas estão muito bem costurados, pensados. Tenho certeza que você terá boas reflexões sobre seus significados. Boa
sorte. Boa leitura.
É
isso. Parto da coisa-livro para a lousa-folha com o orgulho de filho-leitor-escritor-tiete.
Enfim,
leia.
Do capítulo "Prefácio possível"
III
bem mais que gostar
um poema é
deslumbrar-se com
uma coisa e querê-la
sob posse mansa
nada pacífica
porquanto uma inveja
quase cega
recompensa
e pena
degustam-se
no mesmo gosto