29.4.18

Sobre as memórias

Somos nossas memórias, já devem ter dito. O que deve ser verdade. Mas, entre o "me" e o "as" também deve ter algo não dito.
Ora, acordamos com fome, sentimos dores, criamos coragem. Tudo muito natural, humano. A repetição gera um hábito, que gera uma norma, que gera a verdade. A memória, enfim. Lembramos disso. Facilmente. Podemos lembrar de outras coisas, sim. Um dia qualquer, uma pessoa, um perfume, uma dor, um paladar, uma música etc. etc. Lembramos sobre o que vivemos, aprendemos. E só. Ou, e tudo isso. Mas, só isso.
Deve existir muito mais, talvez. Porém, não lembramos. Há alguma trava. A mesma que apaga, paulatinamente, nossa infância, adolescência, e anos, ao longo deles mesmos. Quem sabe, nos preparando para outras memórias, como esvaziar um copo de água para tomá-lo de suco. Ou, para simplesmente renovar as próprias lembranças universais, na constante mudança de tudo. Sei lá. Não lembro. Devo ter faltado nessa aula. Às vezes, tirava um tempo para não lembrar, quem sabe?!
No fim ou no começo, tudo é memória. O ram livre, inclusive. Criação avariada de um dia de trágico pileque de Deus. Mas, já que estamos aqui.


24.4.18

Vida rústica

Nessa época de poucas palavras e muitos símbolos, tropeço. Ainda.
Não tenho simpatia indefinida. A cordialidade da lista sem fim irrita minha córnea. A previsão "chipada" não cabe em si.
Prefiro a mesa rústica. O chão de paralelepípedos incômodo? O automóvel preto.
A vida, lembremos, é primária. Começa e termina sem acabamento. Rua a asfaltar. Parede sem reboco.
Caiu a maçã. Não. Furtada do galho. Ansioso, o homem. A mulher. Mas, rústico. Sempre.