27.10.16

20.177 visualizações

Deve ser bastante, sei não. Vale o preço desse espaço para mim e o que até hoje tive de retorno: muita alegria. Oportunidades de publicações, elogios, novos e mais novos textos. Que o escritamcp siga firme por mais tempo e acessos. Afinal, quem corre quer medalha.
Obrigado.


capítulo perdido

Quantas horas? Sabe-se lá. Foi um dos motivos porque aceitei esse desafio: esquecer do tempo. Conseguiu? Três horas, não mais. Puta frio. Sim. Pensava que a provação física era mole e só debilidades graves mentais derrubariam o sujeito. Tsc tsc. Fora os mosquitos, não aguento mais. Para dormir as redes não bastam. Até a subida dos muros os zumbidos tiniam o profundo da consciência. A memória do nada em seu extremo. Preferia as motos da avenida? Difícil. O ser humano se contenta? Não, certamente não. Então? Deve ser por isso que estamos aqui, afinal. Superar o dia. E amanhã, e depois, e depois de depois. Penso diferente. Isso tudo é um pleno abandono. E nem se sabe de quem ou qualquer outro dado relevante. Já me acostumei. Quem pensa estar vivo? Você sempre volta com esse papo. Eu penso. Pensa nada. Quantas vezes por dia, diga. Também não é para tanto, mas vira e mexe e, bem, não sei precisar, mas. Mas, nada. Não pensa, nunca pensou. Pensei. Está pensando agora? Não. Preciso me concentrar (risos). É mesmo. Vivemos como autômatos. Idiotas autômatos. E aceitamos tudo, caminhamos como os outros, nos submetemos ao canhão. Diariamente, complementaria. Por todos os dias de nossa pobre vida. E como é boa. Muito boa. 
Amanhã quem fica de vigia?
O João e o Mário.
O nove e o cinco, quer dizer.
Não gosto dessa numeraiada do um. Bom dar números quando se é o um (risos).
Cara, que olhos pequenos. Descanse que eu assumo a próxima hora.
Certo, obrigado.


17.10.16

ao abecedário

Por duas vezes pensei que não poderia decorar o alfabeto
Estava certo. Ainda não sei sua ordem ou conteúdo de pronto. Embaralho-me no final.
Tenho lá certa aversão a padrões e acho a palavra ‘subversivo’ o máximo, embora diga o livro que optar pelo diferente é um método. Aff.
Devo me acalmar e ter paciência, digo a mim mesmo. Reler a frase feita e adequar as linhas em ordem atrativa. O herói, o mentor, a trama toda. O desfecho interessante. Humor, suspense, conhecimento.
Pra  cucuia tudo isso. Luto apenas pela escrita nova. A minha. Dor da ausência literária, sofrimento do título novo. No final doem os olhos e bagunço as fontes do Word. Só isso. O auto-corretor alerta que ‘word’ é com ‘w’ maiúsculo. Word.
Bonito entender essas letras deitadas e floreadas. O meio do mês passou e lamento pelo texto pobre. É que a comunicação é fumaça. Meu fôlego é sucinto e o sono é todo. Meu pequeno chora, a mãe sua com ele na noite quente. O pai seca a cuca na máquina. Espera algo que não vem.
Terminei pela segunda ou terceira vez o ‘angústia’, do Graciliano ramos. Esse era, esse era. Luis da silva, o ser dormente. Caminha esquivo, repousa inebriado. O romance é denso. Atmosfera do terceiro dia sem sono. Da indisposição violenta, da frustração sensível.
Por que tantos tipos de fontes se a palavra é una? prefiro o retardo da caneta antiga, o espaço do sofá da vó. Como o texto acaba já digo. Se leu até aqui já sabe. Tenho ainda mais sono e menos vontade de reanimar o morto amanhaã. Prometo nada aos meus queridos (sim) leitores e me despeço na incerteza de um novo capítulo da sociedade secreta ainda neste mês.

Fui. Capaz que demore em voltar. Ou não. Ando concentrando meus esforços para a criação não publicável (ainda). arrivederci