26.5.15

Escrever como profissão.

O balcão é frio. O julgador é técnico. A vida é longa. A praia é morna.
O convite do escritor vem simples: escreva. Prazo, estilo, molde, conteúdo. O trabalho-prazer, o tempo-proveito. Não é assim.
Escrever hoje é fácil. Quero, procuro, passo a ideia em tinta. Transformação. Amanhã, não. Gostaria de caber em livro maior, com superior tiragem, mais publicidade. Usufruir.
No entanto, o suor nasce dele mesmo. Começo. Caneta, papel, reflexão, paixão dosada. Dúvidas. Componho. Releio, corrijo, reviso, risco, insiro, mudo. Desisto, recomeço. Outro dia. Negativo. Na mesma hora.
A palavra vem. Sozinha. Com conectivos, fraseada, pontuada para mais para menos. Estudada.
Enfim, escrever não é tão difícil. O desafio é outro. É o outro. O texto nasce morto. Engavetado tem pudores. As campainhas silenciam, o verbo apodrece. Publicar é divertido.
Por isso, escrevemos sim todos os dias. Falta-nos coragem. Teimosia da hora “perdida”, dos olhos cansados, da tinteiro entupida.
Terminei. Não sofri tanto assim.

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