3.5.25

O que temos na Biodanza?

        1)       A força do grupo.

 

Caminhar sozinho é importante. Reconhecer-se, sentir-se.

Caminhar junto é importante. Fortalecer-se, ainda melhor perceber-se, entre si, com o outro. Sinto uma apuração no meu caminhar quando estou em companhia. Na última vivência isso foi bem claro. Duro caminhar sozinho. Ajuste aqui e ali, meu caminhar tornou-se mais leve com o outro. Mais fluido.


2)       E a relação entre nós, biodanzeiros, o que é?

 

Essa reflexão responde o que sinto, busco na Biodanza. Tudo. Busco tudo. E, e, e, encontro. E isso é especial.

 

Quais são as relações possíveis entre os seres humanos?

Colegas, Amigos, Casados, Namorados, Ficantes, Família, Amantes, Desconhecidos, Saudosos.

Temos todas essas relações em um Ninho fixo, duradouro de Biodanzeiros.

Quer ver?

 

Colegas.

 

Temos.

­­— Olá, de novo. Como vai? 😊😊

Hum. Vamos ver. Desafio aceito. Por acá, por acolá. Como é gostoso aceitar um desafio. São pessoas novas, mas já com algum contato, mesmo que ralo, delicado, frágil. E desafiador, para ambos. Relação gostosa, como colegas delicados de trabalho. Não pode apertar muito, senão quebra. E, na verdade, sempre seremos colegas de “trabalho” por aqui. Não é?!

 

Amigos.

 

Ah, amigos. Escuta, fala, abraça, beija, rola junto, ri, chora. Amigos. Talvez, a melhor relação que podemos ter entre nós. Mas, e isso é privilégio do Ninho, não é a única relação. Não é. Temos todas as outras. Que bom. E a amizade, como o coleguismo, é fixa. É linda. Contar com o outro.

 

Casados, Namorados, Ficantes, Amantes.

 

Nomes diferentes para o mesmo tesão, amor, desejo que sentimos, já sentimos, sentiremos (ou não) uns pelos outros. É um estado latente, que pode ou não transbordar, mas existe no Ninho. E, não sou o único. Já viventes vivenciaram no Ninho (não mintam, é feio). Não tem como um olhar não ser amoroso. Somos seres amorosos. Conseguimos tentar conter o amor, o desejo, o tesão, com, por vezes, sucesso (que pena). Mas, de vez em quando, ele escapa como o gozo, o xixi gostoso de sair, pois, incontrolável, insalubre de manter “preso” no corpo. Então, esses estados, mais do que relações, porque são tão frágeis, passageiros, também existem na Biodanza. Podem não ser vividos por todos, mas existem em potencial, porque somos humanos. E é difícil conter o tesão. Diria até que se torna impossível, quando vem muito forte. Não é?!

 

Família.

 

Um membro por aqui já me disse que: “– Biodanzeiros, uni-vos, em família.” Concordo. Somos, também, uma sagrada família. Temos sentimentos de família. Cuidado, amor fraterno, saudades amistosas, colo. Mas, sinto, não somos uma família, na minha opinião. Posso estar errado. Pode ser, no entanto, sim, que você ou outros tantos busquem uma família por acá. E, que lindo, que gostoso, encontrem. Sinto que temos, sim, repito, também um Ninho-família. Mas, veja, vejam, e, que bom, encontram-se, por aqui, todas as outras relações.

Família é carinho. E como carinho faz bem. Também é disciplina, amor fraterno, amizade, coleguismo diário (lado frágil), saudades, Ninho. Todos tesouros.

 

Desconhecidos, saudosos.

 

Ah, talvez outra melhor, pela necessária renovação. E, ao mesmo tempo, a mais desafiadora das relações do Ninho, pela, igualmente, renovação.

A segunda, os “saudosos”, é simples. Temos que nos despedir. Odeio despedidas. Tenho imensa dificuldades com despedidas. Imensa. Por vezes, prefiro a fuga, o silêncio perante um arrivederci. Difícil olhar pela, o que pode ser, a última vez. Difícil. Mas, é a vida. Saudades. Saudades do que, não sabemos, podemos nunca mais ter. Mas, por vezes, podem voltar, saltitantes, cantantes, seguros, naturais, ao Ninho.

A primeira, os “desconhecidos”, é o sentido oposto. O primeiro olhar. Nossa. Difícil também. Expectativa, preconceitos controlados em uma caixa de pressão e temperatura adequadas.

As duas, pelas necessidades de um Ninho, renovam. E o fluxo flui. Sigamos.

 

Temos, sinto que temos, todas essas relações humanas no Ninho.

Podemos, claro que podemos, na medida do possível, escolher o que queremos focar o olhar, o sentir, o vivenciar, conosco, com o outro (se o outro quiser, estiver aberto, disponível), no nosso NINHO.

Nossa. Nosso.

E tudo bem se um lindo ou linda ou lindt do Ninho quiser vê-lo só como família. Ou só como colegas, amigos, amantes etc. Boa sorte.

Eu, que se dane o meu psiquiatra, prefiro, como bom italiano, uma boa macarronada.

Passo.

10min de leitura, em voz alta, com respiros