Cá mais uma bela obra do Ricardo.
Seus textos "adultos" seguem a qualidade dos infantojuvenis.
"E nesta crônica triste, poderia aliviar o leitor me desculpando e dizendo para ficar tranquilo, afinal a dor é de quem a tem. Mas não. A dor é de todo mundo. Não existe vivente no mundo capaz de chegar ao fim do caminho em paz, tranquilo, sem deixar para trás alguma pendência insolúvel. Todos choram faltas, erros, esquecimentos. Ser infeliz é mais natural e não existe a possibilidade de voltarmos no tempo. Ou será que isso também será possível no futuro? Teríamos driblado a indesejada das gentes."
Cidade fechada, do livro Cidade aberta, cidade fechada, do Ricardo Ramos Filho
Rio de Janeiro: Record, 2023.
Outro trecho de outra bela crônica:
"Embora nunca tenha maltratado o felino, fazia questão de deixar claro sermos incompatíveis. Eu aqui, ele acolá, distantes. Embora o Meg nunca tenha desistido de mim. Para ele era incompreensível minha hostilidade. Inteligente, não via cabimento na existência de um sentimento sem explicação. Nunca me fizera desfeita, tratava-me com consideração, olhava-me até mesmo com carinho. Afinal, habitávamos sob o mesmo teto, e para ele todos os viventes da casa eram especiais. Nosso gato. Meu também."
Meg.
"Para ele era incompreensível minha hostilidade. Inteligente, não via cabimento na existência de um sentimento sem explicação."
Lindo.
O livro transborda também a beleza da "Cidade aberta" e toda a observação mútua da pessoa-natureza-integrada-popular.
Recomendo a leitura.
E já encomendei o "Toda a poeira da calçada", também do nosso autor Ricardo.
Feliz por termos bons escritores, como esse meu amigo. Sensíveis, atentos ao redor e dispostos ao enfrentamento do papel imenso e áspero diante de um escritor.
Que ele continue escrevendo e publicando.
Obrigado por mais essa bela obra, Ricardo.
Forte abraço do seu fã e amigo Piero.
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