9.11.25

5.30 Novembro

 Sr. Hora Certa gostava da Srta. Pessoa Ideal, que flertava com a amiga Liberdade, que tinha um lance escondido com a Dona Estabilidade, que curtia a Miss Sozinha, que fugiu.

20.10.25

4.30 outubro

 Um dois tres fundidos fudidos.Adormecem.Um acorda. Quantos são? Dois. Um. Quem é?O outro.Percebe-se,diferente.Recomeça. O inferno são os outros,disse Sartre. Onde menos vale mais.

11.8.25

Palavomor

     Amor. Tesão. Orelha. Água. Balança. Camisa. Pescoço. Orvalho. Carro. Banho. Banana. Carinho. Abraço. Mãos. Pernas. Carícias. Segredo. Vizinha. Olhar. Respeito. Contrato. Contato. Recomeço. Erro. Medo. Saudade. Energia. Bola. Cesta. Amor.


2.30

Agosto

30.7.25

Há amor em 30 textos de 30 palavras em 30 meses. 1.30. Julho

 M _ R _ A _  _ _ _ O _ _ _ _


Jovem graciosa. Você acredita no amor? Sorrio. Nem penso, respondo que sim. Em poucos dias, seu aniversário, dou-lhe algo e escrevo sobre o amor. O amor existe. Nos amemos mais.




19.6.25

Sou

Sou, do verbo ser. Sou o que sou. Soo como sou. Só sou, sendo, como sou. Se deixo de ser como sou, suo. Suar faz bem. O corpo cansa, da pele o fluido escorre, e volto a ser como sou, outro. Sou, percebo que sou e, assim, somo (o ser não pode sumir). Ser. Ser não é fácil. O ser é, porque sou. Só sendo mesmo para ser. Sou tanto, que fico sendo. Sou tudo, e pouco, quando não sou nada, sendo, ainda, algo. Serei. Sou hoje o que virá ainda. Sereio. Serei-o-ser. O ser de amanhã depende do ser de hoje. Sendo, serpenteio e semeio o ser. Fui. Sou o que já fui. Embora tenha sido, sou, apesar de ter sido o que me restou, pude, consegui ser. Tudo, enfim, que sei, só por ser, já sendo, soou nascido. O ser nasce, cresce e sucumbe. Até lá, lembre-se de ser. Sempre. Não deixe de ser você. Nunca.  Mesmo que no dia a dia, ontem e amanhã, seja você não um só, mas vários. Já sendo, sido ou a ser. Sou. Você é. Nós somos. Eles são. 


Todos sejamos um ser ciente de, simplesmente, ser.



3.5.25

O que temos na Biodanza?

        1)       A força do grupo.

 

Caminhar sozinho é importante. Reconhecer-se, sentir-se.

Caminhar junto é importante. Fortalecer-se, ainda melhor perceber-se, entre si, com o outro. Sinto uma apuração no meu caminhar quando estou em companhia. Na última vivência isso foi bem claro. Duro caminhar sozinho. Ajuste aqui e ali, meu caminhar tornou-se mais leve com o outro. Mais fluido.


2)       E a relação entre nós, biodanzeiros, o que é?

 

Essa reflexão responde o que sinto, busco na Biodanza. Tudo. Busco tudo. E, e, e, encontro. E isso é especial.

 

Quais são as relações possíveis entre os seres humanos?

Colegas, Amigos, Casados, Namorados, Ficantes, Família, Amantes, Desconhecidos, Saudosos.

Temos todas essas relações em um Ninho fixo, duradouro de Biodanzeiros.

Quer ver?

 

Colegas.

 

Temos.

­­— Olá, de novo. Como vai? 😊😊

Hum. Vamos ver. Desafio aceito. Por acá, por acolá. Como é gostoso aceitar um desafio. São pessoas novas, mas já com algum contato, mesmo que ralo, delicado, frágil. E desafiador, para ambos. Relação gostosa, como colegas delicados de trabalho. Não pode apertar muito, senão quebra. E, na verdade, sempre seremos colegas de “trabalho” por aqui. Não é?!

 

Amigos.

 

Ah, amigos. Escuta, fala, abraça, beija, rola junto, ri, chora. Amigos. Talvez, a melhor relação que podemos ter entre nós. Mas, e isso é privilégio do Ninho, não é a única relação. Não é. Temos todas as outras. Que bom. E a amizade, como o coleguismo, é fixa. É linda. Contar com o outro.

 

Casados, Namorados, Ficantes, Amantes.

 

Nomes diferentes para o mesmo tesão, amor, desejo que sentimos, já sentimos, sentiremos (ou não) uns pelos outros. É um estado latente, que pode ou não transbordar, mas existe no Ninho. E, não sou o único. Já viventes vivenciaram no Ninho (não mintam, é feio). Não tem como um olhar não ser amoroso. Somos seres amorosos. Conseguimos tentar conter o amor, o desejo, o tesão, com, por vezes, sucesso (que pena). Mas, de vez em quando, ele escapa como o gozo, o xixi gostoso de sair, pois, incontrolável, insalubre de manter “preso” no corpo. Então, esses estados, mais do que relações, porque são tão frágeis, passageiros, também existem na Biodanza. Podem não ser vividos por todos, mas existem em potencial, porque somos humanos. E é difícil conter o tesão. Diria até que se torna impossível, quando vem muito forte. Não é?!

 

Família.

 

Um membro por aqui já me disse que: “– Biodanzeiros, uni-vos, em família.” Concordo. Somos, também, uma sagrada família. Temos sentimentos de família. Cuidado, amor fraterno, saudades amistosas, colo. Mas, sinto, não somos uma família, na minha opinião. Posso estar errado. Pode ser, no entanto, sim, que você ou outros tantos busquem uma família por acá. E, que lindo, que gostoso, encontrem. Sinto que temos, sim, repito, também um Ninho-família. Mas, veja, vejam, e, que bom, encontram-se, por aqui, todas as outras relações.

Família é carinho. E como carinho faz bem. Também é disciplina, amor fraterno, amizade, coleguismo diário (lado frágil), saudades, Ninho. Todos tesouros.

 

Desconhecidos, saudosos.

 

Ah, talvez outra melhor, pela necessária renovação. E, ao mesmo tempo, a mais desafiadora das relações do Ninho, pela, igualmente, renovação.

A segunda, os “saudosos”, é simples. Temos que nos despedir. Odeio despedidas. Tenho imensa dificuldades com despedidas. Imensa. Por vezes, prefiro a fuga, o silêncio perante um arrivederci. Difícil olhar pela, o que pode ser, a última vez. Difícil. Mas, é a vida. Saudades. Saudades do que, não sabemos, podemos nunca mais ter. Mas, por vezes, podem voltar, saltitantes, cantantes, seguros, naturais, ao Ninho.

A primeira, os “desconhecidos”, é o sentido oposto. O primeiro olhar. Nossa. Difícil também. Expectativa, preconceitos controlados em uma caixa de pressão e temperatura adequadas.

As duas, pelas necessidades de um Ninho, renovam. E o fluxo flui. Sigamos.

 

Temos, sinto que temos, todas essas relações humanas no Ninho.

Podemos, claro que podemos, na medida do possível, escolher o que queremos focar o olhar, o sentir, o vivenciar, conosco, com o outro (se o outro quiser, estiver aberto, disponível), no nosso NINHO.

Nossa. Nosso.

E tudo bem se um lindo ou linda ou lindt do Ninho quiser vê-lo só como família. Ou só como colegas, amigos, amantes etc. Boa sorte.

Eu, que se dane o meu psiquiatra, prefiro, como bom italiano, uma boa macarronada.

Passo.

10min de leitura, em voz alta, com respiros



 



21.4.25

Cidade aberta, cidade fechada, de Ricardo Ramos Filho

Cá mais uma bela obra do Ricardo.

Seus textos "adultos" seguem a qualidade dos infantojuvenis. 

"E nesta crônica triste, poderia aliviar o leitor me desculpando e dizendo para ficar tranquilo, afinal a dor é de quem a tem. Mas não. A dor é de todo mundo. Não existe vivente no mundo capaz de chegar ao fim do caminho em paz, tranquilo, sem deixar para trás alguma pendência insolúvel. Todos choram faltas, erros, esquecimentos. Ser infeliz é mais natural e não existe a possibilidade de voltarmos no tempo. Ou será que isso também será possível no futuro? Teríamos driblado a indesejada das gentes."

Cidade fechada, do livro Cidade aberta, cidade fechada, do Ricardo Ramos Filho

Rio de Janeiro: Record, 2023.

Outro trecho de outra bela crônica:

"Embora nunca tenha maltratado o felino, fazia questão de deixar claro sermos incompatíveis. Eu aqui, ele acolá, distantes. Embora o Meg nunca tenha desistido de mim. Para ele era incompreensível minha hostilidade. Inteligente, não via cabimento na existência de um sentimento sem explicação. Nunca me fizera desfeita, tratava-me com consideração, olhava-me até mesmo com carinho. Afinal, habitávamos sob o mesmo teto, e para ele todos os viventes da casa eram especiais. Nosso gato. Meu também."

Meg. 

"Para ele era incompreensível minha hostilidade. Inteligente, não via cabimento na existência de um sentimento sem explicação."

Lindo.

O livro transborda também a beleza da "Cidade aberta" e toda a observação mútua da pessoa-natureza-integrada-popular. 

Recomendo a leitura.

E já encomendei o "Toda a poeira da calçada", também do nosso autor Ricardo.

Feliz por termos bons escritores, como esse meu amigo. Sensíveis, atentos ao redor e dispostos ao enfrentamento do papel imenso e áspero diante de um escritor.

Que ele continue escrevendo e publicando. 

Obrigado por mais essa bela obra, Ricardo.

Forte abraço do seu fã e amigo Piero.








11.11.21

Arte poética, de Adília Lopes (texto e vídeo)

Escrever um poema 

é como apanhar um peixe

com as mãos

nunca pesquei assim um peixe
mas posso falar assim
sei que nem tudo o que vem às mãos
é peixe
o peixe debate-se
tenta escapar-se
escapa-se
eu persisto
luto corpo a corpo
com o peixe
ou morremos os dois
ou nos salvamos os dois
tenho de estar atenta
tenho medo de não chegar ao fim
é uma questão de vida ou de morte
quando chego ao fim
descubro que precisei de apanhar o peixe
para me livrar do peixe
livro-me do peixe com o alívio
que não sei dizer

Adília Lopes, in 'Um Jogo Bastante Perigoso'

Link do vídeo com minha declamação:

https://youtu.be/1LAVpCQKjqY

Projeto de Luciano Gomes, professor da rede municipal de Barueri SP 

:-)